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Rotular uma pessoa é atribuir-lhe um rótulo ou uma etiqueta baseada em certas características, comportamentos ou estereótipos percebidos, muitas vezes, criado por alguém próximo (colega, amigo, parente, superior etc.). Esses rótulos podem possuir intenções positivas ou negativas, mas geralmente são simplificações depreciativas que podem não capturar a verdadeira essência do ser humano em questão.

Rotular uma pessoa, comumente, envolve categorizá-la com base em algumas características como aparência física, comportamento, etnia, religião, orientação sexual, profissão, entre outros traços. Por exemplo, alguém pode ser rotulado como “inteligente”, “briguento”, “engraçado”, “preguiçoso”, “feliz”, “mal-humorado”, “querido” ou “teimoso” com base em suposições ou generalizações percebidas apenas uma única vez, mas repetida e disseminada muitas outras pelo seu criador ou seguidores.

Mesmo rótulos positivos, também, correm o risco de provocar um efeito negativo. Rotular uma pessoa com palavras elogiosas pode criar uma imagem que, de fato, não existe, mascarando ou limitando suas verdadeiras potencialidades.

A pergunta que reverbera é se um simples evento, opinião ou um fato conhecido sobre alguém, faz desta pessoa merecedora daquele rótulo?

Por exemplo, em um ambiente corporativo, imaginemos um colaborador que é responsável por lidar com solicitações de suporte técnico da equipe de tecnologia. Ele é muito habilidoso e eficiente em resolver os problemas de tecnologia, sempre fornecendo soluções rápidas e precisas.

No entanto, esse colaborador tem uma personalidade introvertida e tende a ser mais reservado e sério em suas interações. Ele se concentra principalmente em resolver os problemas e responder de maneira objetiva, sem se envolver em conversas casuais ou fazer muitos gestos de empatia ou amizade durante o próprio atendimento.

Devido a sua natureza mais reservada e a falta de uma abordagem socialmente calorosa, algumas pessoas da corporação podem rotulá-lo como “antipático”, mesmo que ele esteja fazendo seu trabalho de forma correta e adequada. Essas pessoas podem interpretar sua falta de interação social mais descontraída como falta de simpatia ou interesse em ajudar, levando ao rótulo depreciativo, de acordo com a cultura organizacional vigente.

Nesse sentido, o rótulo de “antipático” é atribuído com base em percepções subjetivas de comportamento e estilo de comunicação do grupo predominante. São eles que determinam o que deve ser aceito como normal ou adequado baseado em crenças ou na cultura dominante. O contraditório ou diferente pode causar repulsa ou se tornar objeto de discriminação.

A consequência natural de rotular pessoas, em situações semelhantes, é que os resultados obtidos serão potencialmente opostos aos melhores interesses das organizações.

É notório que, neste caso, dificuldades de relacionamento serão frequentes. Rótulos criam barreiras de comunicação e relacionamento em um ambiente de trabalho. Muitos tendem a evitar interagir com colaboradores rotulados negativamente dificultando a visão de time e engajamento em torno de um mesmo propósito.

O isolamento social de um colaborador, exemplar nas suas tarefas, mas rotulado pode fazê-lo se sentir excluído ou não incluso em atividades de integração ou simples conversas informais no grupo o que pode afetar negativamente sua satisfação e/ou seu bem-estar psicológico. Em situações extremas pode inviabilizar toda uma carreira profissional de alguém que simplesmente atuava de forma diferente e, potencialmente, para os resultados esperados pela organização, melhor do que outros.

Além disso, há o possível prejuízo da sua reputação profissional. Ser rotulado negativamente pode afetar a percepção que outros têm de um funcionário, inclusive superiores e líderes da própria organização. Palavras mal utilizadas, por exemplo, em uma avaliação comportamental interna, podem restringir oportunidades já que o rótulo pode estar presente e difundido na percepção de muitos como uma marca indestrutível.

Se rótulos forem difundidos e permitidos, no ambiente de trabalho, como algo natural, sem alguma intervenção, mesmo que em tom de brincadeira, isso fatalmente pode criar um clima opressor e afetar a dinâmica geral da equipe ou da própria organização. Pode gerar conflitos, fofocas e prejudicar a cultura de colaboração e respeito mútuo.

Imaginem as consequências para uma pessoa onde os rótulos são criados, então, dentro de ambientes familiares pelas próprias pessoas que você ama, admira ou respeita? Para alguns isso pode ser devastador para o seu próprio futuro se rotulado como “burro”, “lento”, “teimoso” ou “palerma “. São estigmas que lhe acompanharão para o resto da vida.

Algumas empresas que se definem, muitas vezes, como uma grande família devem prestar muita atenção a estes pontos, pois permitir que estas atitudes, conscientes ou não, se sobressaiam pode ser perigoso para o seu próprio crescimento.

O cérebro humano busca maneiras de lidar com a complexidade do mundo ao simplificar e categorizar informações. Rotular pessoas pode ser uma forma de reduzir a sobrecarga cognitiva, permitindo que as pessoas processem e organizem informações sobre alguém de maneira mais rápida e simples já que buscar a compreensão completa do outro é complexa, demorada e demanda a escuta ativa.

Embora o ato de rotular possa ser uma ação humana simplificadora, é importante reconhecer os riscos de generalizações e preconceitos injustos. E esta injustiça deve ser combatida.

Rótulos permissivos podem levar a exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, no exercício de suas atividades. É uma conduta que traz danos à dignidade e à integridade do indivíduo, colocando a saúde psicológica em risco e prejudicando o ambiente de trabalho.

Como então criar ambientes inclusivos que aceitem e promovam melhor esta diversidade?

Uma das ações possíveis e que devem ser estimuladas, visando restringir estas exposições e rótulos indevidos, é a valorização e o incentivo a diversidade de pensamento. Corporações devem promover a liberdade de expressão e o respeito às opiniões divergentes, estimulando um ambiente onde diferentes perspectivas são valorizadas e consideradas.

Até mesmo as avaliações de desempenho devem se basear em critérios objetivos e mensuráveis, levando em consideração a contribuição e os resultados alcançados pelos colaboradores. Devem-se evitar feedbacks subjetivos que possam levar à rotulagem baseada em crenças individuais. Qualquer tipo de avaliação deve ser imparcial.

Estabelecer uma comunicação aberta e transparente é essencial para evitar mal-entendidos e preconceitos. O ambiente profissional deve incentivar uma comunicação clara e respeitosa entre os colaboradores, promovendo o diálogo aberto e a escuta ativa com um canal interno próprio e monitorado para isso.

Os líderes e gestores desempenham um papel fundamental na criação de um ambiente de trabalho inclusivo. Eles devem ser exemplos de comportamento, evitando rotulagem e preconceitos, e promovendo a valorização das individualidades e contribuições de cada colaborador.

Há sempre a necessidade de momentos de reflexão internos, sejam através de workshops, roda de conversas, ou palestras que abordem a importância da valorização da diversidade, respeito às diferenças e conscientização sobre os efeitos negativos destas rotulagens. Deve haver, claramente, o incentivo a esta cultura onde todos são valorizados, independentemente de suas características, personalidades ou estilos de comunicação.

Ao adotar algumas destas medidas, as corporações podem criar um ambiente de trabalho mais inclusivo, respeitoso e livre de rotulagem. Isso, certamente, promoverá um ambiente saudável, estimulante e produtivo para todos os colaboradores, permitindo que cada indivíduo contribua com suas habilidades e conhecimentos únicos para o sucesso coletivo.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Reges Bronzatti

Gerador de Valor para Negócios com Tecnologia. Apaixonado por Gestão, Inovação, Direito Digital, Privacidade e Empreendedorismo. Advogado. Mestre em Ciência da Computação. Conselheiro Empresarial.

3 Comentários

  • Alexandre Mota disse:

    Excelente artigo, Reges! Lendo o teu texto, lembrei do ditado popular “o bom julgador por si julga os outros”. Esse ditado nunca fez tanto sentido para mim quanto após ler as tuas reflexões. Muitas vezes, ao criticarmos ou julgarmos alguém, estamos, de certa forma, projetando as nossas próprias inseguranças e medos. É um lembrete de que as nossas opiniões podem revelar mais sobre nós mesmos do que sobre a pessoa que está sendo avaliada.

  • Ana Mairesse disse:

    Artigo sensacional Reges!

  • Paulo Roberto disse:

    Muito legal Regis, Parabéns.
    Somos todos diferentes, e cada um do seu jeito é super imporntante em um time.

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