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No ambiente corporativo, o que não possui finalidade de lucro está condenado ao fracasso.

Ainda que estejamos abordando o terceiro setor, um segmento econômico cuja finalidade é o atendimento de demandas as quais o setor público não consegue suportar com sua orçamentação restrita e estrutura administrativa excessivamente regulada. Há que se estabelecer um novo olhar que desmistifique a geração do lucro como algo perverso ou dispensável.

Inovação não se faz somente com tecnologia e inteligência artificial, Inovação pressupõe o desenvolvimento de novas percepções. Precisamos refletir sobre os rumos das OSCs – Organizações da Sociedade Civil, cuja denominação reflete de forma mais apropriada a função exercida por entidades do terceiro setor que se dedicam às causas sociais como forma de atender às inúmeras demandas que transbordam dos programas sociais governamentais. A inegável sobrecarga dos sistemas de saúde, educação, segurança e assistência social, entre outros, extrapola a capacidade de atendimento por parte dos agentes públicos no combate à fome, à drogadição, escassez de moradia, violência, desemprego e suprimento de necessidades básicas essenciais para uma vida digna a todos os cidadãos.

Diante da falência de políticas públicas, insuficientes para o atendimento das vulnerabilidades sociais que ameaçam diariamente a sobrevivência de milhões de seres humanos, principalmente nos países subdesenvolvidos, proliferam iniciativas da sociedade civil organizada no formato de Organizações não governamentais com objetivos de suprir carências e preencher lacunas deixadas pelo poder público.

Tais entidades precisam desenvolver um esforço absurdo na captação, gestão e prestação de contas dos recursos utilizados para o cumprimento da missão institucional a qual se propõem realizar.

Sabe-se que os resultados advindos da eficiência gerencial de uma empresa vão muito além da medição da capacidade dos gestores, mas também refletem o momento econômico, as diferenças socioculturais que se acentuam em períodos de crise e em períodos pós-traumáticos como o que se vivencia atualmente após a pandemia de Covid-19.

Em que pese todos os elementos estruturais sob os quais atuam as Organizações Sociais, um em especial precisa ser repensado pela forma falaciosa com que é utilizado. Denominar as Organizações do terceiro setor como Entidades sem finalidade de lucro é uma terminologia equivocada na concepção e que remete a uma mentalidade de escassez empresarial num segmento que precisa muito dos bons resultados, lucros, superávits para manter uma atuação forte no cumprimento das suas missões institucionais na sociedade.

Ao agregar minha experiência profissional de mais de 30 anos na Área Contábil e, atualmente, como Diretora Geral da Secretaria de Assistência Social do RS, percebo a oportunidade de vislumbrar de forma ampla a conexão das duas áreas inseridas no ecossistema das Ciências Sociais Aplicadas, a Ciência Contábil e a Assistência Social.  

Penso que estamos diante de uma oportunidade única de refletir sobre a importância das OSCs no ambiente econômico, discutir os formatos de contabilização e divulgação das informações financeiras e não financeiras amparadas em novos pronunciamentos de sustentabilidade, Relatórios Avançados que oportunizam ampliar o olhar para a importância de uma governança elevada e que reflita os anseios e expectativas da sociedade sobre temas emergentes.

A profissionalização da gestão das ONGs pode levar esse segmento empresarial a protagonizar transformações significativas e irreversíveis nas condições de vida de pessoas que vivem sob a sombra nebulosa da invisibilidade, da falta de perspectiva para suas carências e que não conseguem suprir nem mesmo as necessidades básicas mais emergentes com dignidade e humanismo.

Essa conta será paga por todos se ousarmos negligenciar as vulnerabilidades sociais, as questões climáticas, a insegurança alimentar, a violência contra mulheres e crianças, abusos de toda ordem, exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra análoga à escravidão, práticas de racismo, homofobia, capacitismo, etarismo e todas as exclusões que impedem a ascensão social e vida digna para os cidadãos.

Promover uma sociedade mais justa e inclusiva é o motivo da existência de muitas entidades que não podem prescindir do lucro para seguir atuando, e, principalmente, para ousar crescer, prosperar e impactar vidas de forma positiva.

Chega de pensar pequeno, chega de negar a prosperidade e a abundância tão necessárias para o desenvolvimento econômico e social de qualquer nação. A ambição corporativa não deve ser interpretada como sinônimo de corrupção, desvios, sonegações, propinas. Precisamos desmistificar o lucro como um pecado capital e entender que só através de resultados positivos as empresas conseguem investir, crescer, prosperar e manter sua continuidade.

O que precisa ficar claro é que numa empresa de terceiro setor, o lucro não pode ser distribuído entre os sócios como ocorre nas empresas privadas. O resultado excedente deve ficar no próprio negócio, sendo reinvestido e aplicado em melhorias contínuas que possibilitem avanços, estruturas físicas, investimentos, boas condições laborais, capacitação das equipes, bons equipamentos e um ambiente onde a necessidade alheia seja uma oportunidade para mitigar riscos, empreender, se realizar e prosperar.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Ana Tércia L. Rodrigues

# Contadora, # Mestre em Administração e Negócios (PUCRS) # Professora Universitária (UFRGS) # Presidente do CRCRS # Membro da Academia de Ciências Contábeis do RS # Conselheira Fiscal da ONG Parceiros Voluntários # Mentora, Palestrante, Escritora

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