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Ao regressar de uma imersão profissional na Índia, uma série de impressões emergem ser compartilhadas.

Corpo, Alma, Mente e Coração passam por um processo de transbordamento. E quando eu transbordo eu escrevo, eu conto, eu compartilho, eu sinto.

O CORPO foi o mais imediatamente afetado pelas alterações de clima, pelas muitas horas de deslocamento até o destino final (34h aproximadamente), com diferença de 08h30min de fuso horário. O jetleg é inevitável até para os mais resistentes.

O CORAÇÃO recebe o segundo impacto. Praticamente impossível não se chocar com os contrastes visíveis que se apresentam quase que instantaneamente ao colocarmos os pés fora do belo e moderno aeroporto de Mumbai. Nas ruas, no trajeto do aeroporto até o hotel já se começa a perceber o abismo de desigualdades sociais e contrastes que afetam as pessoas naquele País. A ternura no olhar e a amabilidade nos gestos são inversamente proporcionais à aparência sofrida, castigada por uma atmosfera habituada a altos índices diários de poluição, somados a um trânsito caótico e infraestrutura precária.

Os recém chegados começam então a emitir precipitados comentários fruto das primeiras impressões, que a mim soaram arrogantes sobre a aparência e mal cheiro dos Indianos (sujos, encardidos) me levando a refletir sobre o quanto precisamos evoluir em empatia para tentarmos praticar a inclusão.

Estávamos diante de uma cultura riquíssima em aspectos morais, espirituais, educacionais, econômicos e eu não queria desperdiçar a oportunidade de mergulhar nesse novo ambiente. Entendi que eles são o melhor que conseguem, nas circunstâncias em que vivem e sobre isso não cabe julgamento, cabe entendimento.

Mergulhei e o primeiro retorno à superfície foi de natureza gastrointestinal. Encarei como uma transmutação, quase um ritual de purificação, pois acredito não ter ficado no meu corpo, um unico vestígio de comida após a crise. Segui a jornada tomando mais cuidado na ingestão de certos alimentos, com a vantagem de não ter intolerância à pimenta pois TUDO, absolutamente TUDO é temperado com muitas iguarias estranhas ao nosso paladar ocidental.

De tudo que eu vi, me chamou muito atenção a expressão no olhar das pessoas. Vi muito sofrimento em alguns, resiliência em outros, alegria, satisfação em servir e atender bem, vi bondade e muita curiosidade com a nossa aparência estética. Me dei conta que diferentemente do Brasil onde somos todos muito miscigenados, dando origem a uma multiplicidade de tonalidades de pele, olhos, tipos de cabelo, estaturas físicas, os Indianos parecem ter saído de uma linha de produção.

A poluição é densa, somada a um calor e ao caos do trânsito fica bem desconfortável logo na chegada, aos poucos vamos acostumando. A ALMA foi impactada ao entrar num templo Hare Krishna. Fui convidada a tirar os calçados (humildade), fazer oferenda (dar para receber), meditar (conexão com o sagrado supremo). Saí do templo com a consciência de que somos minúsculos, uma migalha na imensidão do universo, uma faísca na dimensão do tempo, mas o UNIVERSO não pode prescindir da nossa existência. Precisamos deixar legados.

A MENTE foi impactada por muita informação, conhecimento técnico, esforços de compreensão linguística e, principalmente, pela temática abordada no 21º Congresso Mundial de Contabilidade – 21st WCOA World Congress of Accountants. Com o lema “Building Trust, Enabling Sustainability’ fomos bombardeados de informação sobre os temas emergentes não só de Contabilidade, mas de economia global. Qualquer cenário internacional que se projete no futuro, precisa considerar a India como caminho possível. Trata-se da economia que cresce mais rapidamente no mundo; os números impressionam: 1,2 bilhões de habitantes não é de se desprezar em nenhum contexto.

O cinema sabe disso, as grandes marcas globais também.

Contrastes evidentes de uma nação que sabe fazer dinheiro, investe em luxuosos empreendimentos, mas vai precisar aprender a distribuir riqueza ou seguir investindo forte na espiritualidade que mantenha intacta a resiliência obediente de tantos oprimidos.

NAMASTÊ!

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Ana Tércia L. Rodrigues

# Contadora, # Mestre em Administração e Negócios (PUCRS) # Professora Universitária (UFRGS) # Presidente do CRCRS # Membro da Academia de Ciências Contábeis do RS # Conselheira Fiscal da ONG Parceiros Voluntários # Mentora, Palestrante, Escritora

5 Comentários

  • Eliane Soares disse:

    Texto espetacular, sensível e inclusivo! Mergulhei, consegui fazer uma viagem com essa leitura, conhecer e acima de tudo a respeitar essa vasta cultura .

  • Fabiana Brito disse:

    Obrigada por compartilhar, pretendo ir agora em 2023 a Índia e essa leitura me encheu os olhos . Gratidão

  • Terezinha Silva disse:

    Viajei com você nestas impressões sobre a Índia. São únicos e fiéis aos seus costumes. Obrigada por compartilhar.

  • Claudete Boff disse:

    Ana Tércia. Muito interessante o texto, nos dá uma dimensão espiritual desta cultura, mas também o quanto ela precisa crescer em igualdade social. Percebe-se as grandes diferenças. Parabéns pelo teu texto e teu olhar sensível sobre a Índia.

  • Nathália Barnet Garcia disse:

    Excelentes reflexões e um belíssimo texto, consegui viajar com você.

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