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Outro dia li uma matéria cujo título era que o papel da mulher, ao chegar à chefia, era de puxar, estender a mão para as outras mulheres. Pois bem. Não tem escolha ok? Apenas obedeça e aumenta o peso da bagagem. Seja generosa, esse é o seu papel, não ouse pensar somente em si mesma, mantenha sua “essência” maternal. Tem uma posição profissional de destaque? Coloca na conta mais a obrigação, e não a escolha, de alavancar outras mulheres. Põe na bagagem mais esta obrigação e não ouse pesa-la, pois já conta com algumas toneladas.

Quando vamos parar de apontar o dedo para a mulher e definir qual o seu papel, como se nós mulheres não pudéssemos escolher o nosso lugar, customizados, sonhados e construídos por nós mesmas?

Historicamente sempre tivemos um papel a desempenhar, definidos pela sociedade e especialmente pelos homens. E hoje, os papeis continuam a ser definidos por terceiros, estabelecendo novas regras que devemos seguir, mudando apenas o formato da prisão.

Como disse uma amiga, podemos ser tudo, inclusive bitches, porque isso simplesmente não é discutido quando falamos de profissionais homens. Lugar de mulher é onde ela quiser, grande frase de efeito! Mas desde que seja o lugar que eu ache apropriado para ela.

Devemos ser feministas, generosas, mães presentes, profissionais bem sucedidas, etc, etc e tal. Ora, não devemos ser absolutamente nada que não queremos, ok? Qualquer tipo de patrulhamento ou obrigação é um lembrete que não poderíamos ou deveríamos ter as rédeas da nossa vida.

Melhor ter uma cartilha a seguir. Mais seguro. Coloca o que esperamos da mulher no GPS assim não corremos riscos dela decidir o que quer ser, vejam só o horror dos horrores, sozinha. Chega de rótulos por favor, vai ser feliz, descubra o que te faz feliz, o que te realiza.

Inspire mulheres simplesmente sendo feliz, escolhendo suas batalhas, chegando no topo do que definir como o seu topo. Seu, entendeu? Seja uma romântica colina ou o Everest. Porque uma mulher realizada é transformadora, seja uma grande CEO, seja qualquer outro caminho que ela própria escolher. Porque ela escolheu, do tamanho do seu sonho e não de toda uma sociedade hipócrita que vê na mulher um bibelô sem vontade própria.

A mulher quer ser dona de casa, se dedicar ao que ela escolheu, avalanche de críticas. Ok, não foi a minha opção, mas cada um convive com as suas escolhas.  E cá entre nós, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é…. Se ela é uma Workaholic, vejam só a falta de equilíbrio desta mulher. Sempre aparece alguém para criticar, plantando, adubando a culpa naquela que já tem um rótulo disponível a ser preenchido. E uma culpa que encontra solo fértil, sejamos sinceros, em solo feminino.

Hoje, a mulher conquistou um espaço relevante, as pesquisas mostram isso, que os patamares já são outros. Mas sabemos que há uma imensidão a construir ainda. Para chegarmos ao tamanho de nossas ilimitadas ambições? Não, mas para sermos simplesmente o que escolhermos ser. Mas, a toda uma sociedade machista se juntaram outras mulheres, dando as novas diretrizes de qual papel devemos assumir, idealizado por um exército invisível e tido como o ideal. Por quem mesmo? Pois bem, como se já não bastasse matarmos um leão por dia, ainda temos um lote de obrigações para com todas as mulheres. A conta só aumenta. Eu simplesmente não me sinto responsável e não carrego essa obrigação. E eu pratico no meu dia a dia o apoio de forma efetiva e por opção.

Faço parte e me dedico a projetos incríveis de protagonismo feminino nos quais me entrego com paixão, pois realmente acredito que se mais mulheres se realizarem ocupando cargos de liderança, teremos uma sociedade menos doente e mais feliz.

Eu, por acreditar, e por uma opção exclusivamente minha, saio da teoria, me engajo e convido (não puxo) mulheres para virem comigo, nos cargos de liderança que ocupo. Mas não mexo um dedo sequer por uma mulher se não vejo nela valores e a vontade de agarrar a oportunidade. Porque não apoio mulheres, apoio pessoas que possuem valores que admiro e garra para crescer. E isso não tem gênero. Mas é uma opção minha, não uma obrigação. Eu escolho os projetos aos quais me dedico. Não vou, decididamente, carregar tantas expectativas nas costas, porque ser leve também é uma opção. Deliciosa e viciante escolha.

Créditos da imagem que ilustra este artigo: Nadezda_Grapes

8 Comentários

  • Neusa Galli Fróes disse:

    Letícia, parabéns pela sensibilidade e maturidade presentes somete quado se é protagonista. Convidar é diferente de levar cargas pesadas demais e pouco animadas. Gostei muito do texto. E quero te dizer que penso também como tu. Parabéns!

  • Eliana Fialho Herzog disse:

    Reflexão muito adequada sobre respeito às escolhas pessoais e profissionais, e sobre apoiarmos pessoas por reconhecimento do seu valor e mérito. Na verdade, nunca senti “pressionada” a apoiar ou “puxar” outras mulheres. Talvez sem esse sentimento de “obrigação”ou “compromisso”, fazer isso seja fluído e natural – sem o peso que referes.
    E tenho convicção de que inspiramos homens e mulheres sendo o que somos, especialmente quando somos reversíveis, e vivemos de forma leal e coerente com os compromissos e posturas que assumimos no nosso dia a dia!

  • Paulo Santiago disse:

    Excelente artigo, excelente abordagem. Não conhecia teus textos mas fui presenteado com um livro e virei fã.
    Me incomoda essa arrogância de muitas pessoas (mulheres e homens) que julgam saber o lugar certo de cada um. As mulheres se tornaram tão arrogantes e opressoras quanto os homens quando determinam que todas devem ser feministas, por exemplo. Quem sabe, dizer que cada uma pode escolher o que quiser ser, até mesmo machista não serias mais libertador? Ou as mulheres só servem se comungarem do que elas entendem como liberdade. Cada ser humano deve escolher o quer ser, e essa deve ser a luta. Pela liberdade de ser.

  • Fabiana disse:

    Bohhh bem assim!! Também ajudo por instinto, intuito, não por obrigação. Não me sinto obrigada com ninguém, nem com mulheres nem com homens. Por outro lado, bem importante falar sobre as cobranças, elas são e estão demais. “Meo, cuida tua vida!”

  • Andressa Gudde disse:

    Adorei! Por liberdade de escolha e responsabilidade por elas ❤️

  • Marta Coelho de Souza disse:

    A verdadeira vitória da mulher é o seu direito de escolha. Parabéns Leticia, excelente artigo, relevante e preciso como sempre!

  • Andréia Chaieb disse:

    “Inspire mulheres simplesmente sendo feliz, escolhendo suas batalhas, chegando no topo do que definir como o seu topo.” Excelente Letícia!

  • Lúcia Lamb disse:

    Muito legal tua participação no DITO EFEITO!
    PARABÉNS!

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Letícia Batistela

Advogada, com mais de 20 anos de experiência no setor de TI, é apaixonada por inovação e ainda mais por concretizar ideias com foco em resultados, sejam eles econômicos ou sociais. Pós graduada em Gestão de Negócios pela FDC, Direito Empresarial pela FGV e fez parte do Programa de formação de Conselheiros/PDC da FDC. Em 2018 e 2019, foi indicada como um dos 500 advogados mais admirados do Brasil, segundo publicação da Revista Análise Editorial, que ouviu Diretores e Gerentes de Departamentos Jurídicos de empresas. Atualmente preside, em Porto Alegre, a Empresa Pública de Tecnologia da Informação e Comunicação – PROCEMPA. A busca por aprender com os grandes e aprofundar seu conhecimento concreto, a fez atuar em entidades associativas do setor de tecnologia, sendo Diretora Jurídica da SUCESU, VP Jurídica da Federação das Empresas de Tecnologia/ASSESPRO, após exercer por 2 anos a Presidência da Assespro/RS. Participou da diretoria de várias entidades e atualmente faz parte do Conselho de Administração da PROCEMPA e PROCERGS. É Diretora da FEDERASUL, além de coordenar a Divisão Jurídica desta entidade. Sua aproximação com a Mentoria ocorreu através do WLM, Women in Law Mentoring Brasil, onde é membro fundadora.