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Os detetives do filme Seven interpretados por Morgan Freeman e Brad Pitt estão em uma obstinada caçada ao serial killer que já cometeu quatro terríveis crimes baseados nos pecados da gula, avareza, preguiça e luxúria. Neste ponto da história que estamos acompanhando, nosso assassino finalmente é revelado, mas não sem antes cometer mais um crime: o da soberba.

Soberba (Dicionário de sinônimos: presunção, arrogância, empáfia, orgulho, pedantismo, desdém, esnobismo, vaidade)

De todos os pecados capitais, possivelmente a soberba é o mais recorrente no âmbito corporativo e, justamente por isso, o mais letal. A quantidade de gestores que julgam seus clientes a partir de seus próprios conceitos é significativa. Pouco são os que realmente ouvem seus consumidores, seja no meio físico ou no ambiente virtual. A maioria acredita que sabe tudo o que é preciso e segue executando as mesmas práticas, já viciadas em processos consolidados. Com isso, perdem vendas de forma exponencial, sem entender bem o porquê.

A soberba é uma falha que pode atingir pequenas, médias ou grandes empresas indiferentemente. Grandes marcas já cometeram e seguem cometendo diariamente esse pecado. Temos alguns cases emblemáticos como, por exemplo, o da Blockbuster. Há pouco mais de quinze anos atrás, a então famosa locadora de vídeos era líder mundial, contando com 4,5 mil pontos de vendas só nos EUA e era avaliada no mercado por US$ 8,4 bilhões. A ironia é que, em 1996, a Netflix (na época uma iniciante em locação virtual) se ofereceu para ser comprada pela Blockbuster por US$ 50 milhões e foi rejeitada. A Blockbuster é o exemplo clássico de soberba. Acreditava na solidez da sua força e liderança, não compreendeu a mudança de comportamento dos consumidores, que buscavam por novas experiências, e desdenhou a concorrência. Atualmente o valor de mercado da Netflix é de cerca de US$ 160 bilhões, enquanto a Blockbuster declarou falência em 2011.

As consequências de ouvirmos (ou não) o mercado são decisivas. São surpreendentes as informações que obtemos quando conversamos com os clientes (é importante considerar também os nossos clientes internos). O sucesso qualquer negócio está intimamente ligado às pessoas. O quanto elas estão satisfeitas e engajadas terá impacto direto nas vendas. Um time desconectado do negócio, competindo entre si, competindo também entre estratégias online e offline, é totalmente contraproducente. Já o consumidor final, aquele que paga a conta, está cada vez mais exigente e poderoso. Ele pode se tornar defensor, neutro ou detrator do seu negócio, e isso dependerá única e exclusivamente de você.

Em uma época em que todos falam e poucos escutam, ouvir é fundamental. Conhecer bem o seu consumidor é chave para o sucesso do negócio, assim como alinhar isso à estratégia geral de todo o ecossistema (vendedores, fornecedores e demais integrantes de toda a cadeia). Quanto mais conhecimento e informação sobre os reais desejos e necessidades dos consumidores, mais certeiros serão os nossos movimentos.

Existem muitas maneiras de se ouvir os clientes internos e externos. Mapeamento de jornadas, pesquisa de mercado e focus groups são alguns exemplos de metodologias para obtermos valiosas informações que nos permitirão projetar e construir novas e gratificantes experiências. Mas o passo inicial é abrir mão da presunção de que tudo sabemos. O oposto da soberba é a humildade. É preciso ser humilde para assumir que não somos detentores do conhecimento absoluto e que precisamos mudar para transformar. Converse com sua equipe, com seu time, com seus clientes e também com o concorrente. Exige esforço, mas o retorno é garantido. Esforço maior é tentar correr atrás do prejuízo para recuperar mercado ao dar-se conta tardiamente de que o negócio que está gradativamente sucumbindo.

Enfim, com a identidade do assassino de Seven revelada, estamos próximos ao final da nossa série. Assim, como no filme, acreditamos que estamos finalmente no controle da situação. Em breve, a inveja e a ira tomarão conta do cenário. Será que estamos realmente preparados para enfrentá-las?

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Letícia Polydoro

Diretora da Hypervisual Design de Interação, possui formação em Publicidade e MBA em Marketing pela FGV. Consultora do SEBRAE-RS, integrou a primeira diretoria da APDesign/RS, foi idealizadora do Grupo de Usuários em UI/UX da SUCESU-RS (GUIX) onde atualmente é Diretora de Grupos de Negócios. É também Vice-Presidente de Comunicação da Assespro-RS e articulista do Portal da Revista Amanhã — veículo especializado em economia e negócios da região sul.

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