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Vamos falar sério: quem nunca se contorceu na cadeira ao perceber que estava prestes a entrar num conflito no trabalho? Aquele friozinho na barriga que nos faz pensar: Será que preciso mesmo lidar com isso agora? Eu também já passei por isso, e confesso, no início da minha carreira, a minha reação automática era fugir do conflito. Afinal, manter a paz parecia ser o caminho mais fácil, certo? Errado! Com o tempo, descobri que o conflito, quando bem conduzido, pode ser a chave para algo muito maior: à inovação e à transformação cultural.

E se você acha que conflito é sinônimo de briga e gritaria, preciso te contar uma coisa: não é bem assim. O conflito, quando saudável, é o motor que gera faíscas criativas. Aliás, você sabia que Walt Disney, esse gênio da inovação, usava o conflito de ideias como uma das suas principais ferramentas? Sim! Ele acreditava que a chave para a criatividade estava na diversidade – de pensamentos, de perfis, de experiências. Não à toa, ele montava equipes propositalmente diversas para garantir que os pontos de vista diferentes gerassem ideias novas e brilhantes. Ele dizia algo como: “Nós mantemos equipes diversificadas para gerar novas ideias”. E adivinha? Funcionava!

Agora, talvez você esteja pensando: Ok, mas como é que eu levo isso para o meu dia a dia sem virar um campo de batalha no trabalho? Boa pergunta! Vamos lá.

O conflito como combustível para a inovação

Em muitas empresas pelas quais atuei como consultora, percebi algo interessante: aquelas que realmente prosperam são as que sabem lidar com o conflito de maneira saudável. Ao invés de evitar ou silenciar as diferenças, elas criam um espaço seguro onde os colaboradores se sentem confortáveis para desafiar o status quo. Sabe aquela cultura onde todo mundo só balança a cabeça concordando com tudo? Então, ela até parece “pacífica”, mas acaba sufocando a inovação. É como andar de bicicleta em círculos; você até se movimenta, mas não vai a lugar nenhum.

Lembro-me de uma empresa em particular, onde o líder tinha uma abordagem curiosa. Sempre que alguém apresentava uma ideia, ele lançava a provocação: Por que não? Essa simples pergunta, que poderia parecer inocente, na verdade abria espaço para debates mais profundos. As pessoas começavam a desafiar suas próprias ideias, a questionar processos estabelecidos e, a partir desse desconforto, as soluções mais criativas surgiam.. Aliás, o desconforto é um ótimo indicador de que estamos saindo da zona de conforto, e isso é um bom sinal quando falamos de inovação.

Mas, claro, o conflito precisa ser bem conduzido. E aqui entra um conceito que aprendi estudando William Ulrich e seu possibilismo. Para Ulrich, ser um possibilista é abrir os olhos para as inúmeras possibilidades que surgem em momentos de confronto. Em vez de ficar preso na mentalidade de “certo ou errado”, “vencedores ou perdedores”, o possibilista enxerga o conflito como um campo fértil de ideias. Afinal, quem disse que só existe uma solução?

E se o conflito for a solução?

Agora, você pode estar se perguntando: Mas o que acontece quando o conflito sai do controle? Essa é uma ótima questão! De fato, o conflito mal administrado pode gerar divisões e mal-entendidos. A chave está na segurança psicológica. Em uma das empresas onde trabalhei, os líderes eram mestres nisso. Criaram um ambiente em que as pessoas não tinham medo de expor suas opiniões – mesmo que fossem contrárias à maioria. A frase “discordo, e aqui está o porquê” não era um tabu, mas um convite para conversas mais profundas.

E o que essa empresa ganhou com isso? Inovação. E mais: uma cultura forte e resiliente. A transformação cultural que vi ali não aconteceu apesar dos conflitos, mas por causa deles. Porque, quando as pessoas sentem que podem ser autênticas, que podem discordar sem medo de retaliação, elas se envolvem mais profundamente no processo criativo.

A beleza das perguntas difíceis

Você já parou para pensar em como a inovação muitas vezes surge das perguntas incômodas? Quantas vezes a gente tenta contornar aquele “elefante na sala” porque não queremos gerar desconforto? Pois bem, eu aprendi que é exatamente aí que a mágica acontece. É quando fazemos perguntas como: Isso realmente precisa ser assim? Existe outra forma de fazer? que novas ideias começam a brotar.

Lembro de uma situação em que uma equipe estava presa a um processo que já não fazia sentido, mas ninguém questionava. Até que, em uma reunião, alguém levantou a mão e perguntou: Por que estamos fazendo isso dessa forma? Houve um silêncio constrangedor. Ninguém sabia responder de imediato. Mas foi exatamente essa pergunta que abriu a porta para uma revisão completa do processo, que resultou em mais eficiência e, claro, inovação. Um conflito que, a princípio, parecia desconfortável, acabou gerando grandes mudanças.

O conflito e a diversidade de pensamento

Se tem uma coisa que aprendi com Walt Disney é que, para inovar, precisamos de diversidade de pensamento. E essa diversidade naturalmente gera conflito. E ainda bem! Já imaginou como seria tedioso se todo mundo pensasse igual? As empresas que realmente se destacam são aquelas que montam equipes diversas, com pessoas de diferentes bagagens, para garantir que o conflito de ideias esteja sempre presente. E, como já vimos, esse atrito gera as faíscas necessárias para a inovação.

O conflito saudável é como um treino de academia para o cérebro. Ele nos faz questionar, nos faz pensar de maneiras diferentes, e é esse processo que nos leva a novas descobertas. Então, por que não abraçar o conflito? Por que não ver nele uma oportunidade de crescimento, tanto individual quanto organizacional?

Vamos repensar o conflito?

No final das contas, o conflito não é o vilão da história. O verdadeiro vilão é o medo de confrontar ideias. Empresas que criam um ambiente de segurança psicológica, onde as pessoas podem discordar e propor novas ideias, são as que realmente inovam.

Então, da próxima vez que você sentir aquele frio na barriga diante de um conflito, pense duas vezes antes de fugir dele. Pergunte-se: E se esse conflito for justamente o que precisamos para encontrar uma solução melhor? E se essa discordância for o primeiro passo para a inovação? No fim, o que pode parecer desconfortável hoje pode se tornar a semente de uma transformação profunda amanhã.

O conflito é, sim, uma oportunidade. E as empresas que têm coragem de abraçá-lo, assim como Walt Disney e tantas outras que observei ao longo da minha jornada, são as que mais crescem, inovam e deixam um legado. E você, vai deixar o conflito ser o vilão ou o herói da sua história de inovação?

Um comentário

  • Daniel Santoro disse:

    Excelente artigo e reflexão Bibiana.
    Eu adicionaria a reflexão que nas culturas latinas temos instalado o comportamento de confundir o conflito de ideias com o conflito de pessoas. Por isso, o ponto que você aponta e ressalta, de construir um ambiente com segurança psicológica, é tão crítico.
    Parabéns!
    Atenciosamente,
    Daniel Santoro

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Bibiana Zereu

Empresária, Psicóloga, Consultora e Advisor em temas de Desenvolvimento Humano e Organizacional. Mestre pela FGV em Gestão Estratégica. Especialização em Empresas Familiares - Barcelona. Conselheira para Startups pela Board Academy. Experiência de 30 anos em desenvolvimento Humano.