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A transformação digital tem expandido as fronteiras da inovação, permitindo que tecnologias avancem para soluções mais integradas e complexas. Nesse cenário, a hiperautomação se destaca como uma evolução robusta da automação robótica de processos (RPA), proporcionando um salto qualitativo na forma como as empresas operam. Esta matéria, a partir da minha especialização na PUC Minas em RPA e Hiperautomação, aborda os fundamentos técnicos da hiperautomação, comparando-a com o RPA e destacando suas implicações práticas.

A hiperautomação é definida como uma abordagem abrangente e estratégica que combina um conjunto integrado de tecnologias emergentes para revolucionar a maneira como os assim são gerenciados. Diferentemente de soluções isoladas, a hiperautomação conecta e potencializa tecnologias como Automação Robótica de Processos (RPA), Inteligência Artificial (IA), Machine Learning (ML), Process Mining, Business Process Management (BPM) e orquestração de APIs. Esse ecossistema tecnológico permite não apenas a automação de tarefas repetitivas e estruturadas, mas também a transformação de fluxos de trabalho complexos e interdepartamentais. Ao combinar a capacidade analítica da IA com a escalabilidade do RPA e a agilidade do BPM, a hiperautomação oferece uma visão holística dos processos empresariais, identificando gargalos, otimizando etapas e criando oportunidades para a inovação. Além disso, sua integração com ferramentas de Process Mining possibilita mapear fluxos de trabalho em detalhes, oferecendo insights baseados em dados que ajudam na tomada de decisões e na criação de soluções mais inteligentes.

Características Técnicas da Hiperautomação:

  1. Automação Extensiva: Vai além de tarefas repetitivas, atuando em processos mais amplos e complexos, como análise preditiva, otimização de fluxos e automação cognitiva.
  2. Integração Multisistema: Possui capacidade de interagir com diversos sistemas legados e modernos por meio de APIs e conectores inteligentes.
  3. Processamento em Tempo Real: Combina RPA com IA para capturar, processar e analisar dados em tempo real, ajustando-se a variáveis dinâmicas.
  4. Orquestração de Ferramentas: Inclui ferramentas como Process Mining para mapear processos empresariais e identificar oportunidades de automação.

A Gartner (2023) posiciona a hiperautomação como uma peça central na transformação digital, afirmando que ela combina tecnologias de automação em um ecossistema colaborativo que interliga pessoas, processos e dados.

Diferenças técnicas entre RPA e Hiperautomação

Enquanto o RPA é um componente essencial na automação, ele possui limitações significativas, que a hiperautomação busca superar ao incorporar uma gama mais ampla de tecnologias e técnicas avançadas.

AspectoRPAHiperautomação
FocoAutomação de tarefas específicas e estruturadas.Automação holística, abrangendo fluxos de trabalho complexos e adaptáveis.
  Tecnologias IntegradasFocado em RPA como ferramenta principal.Inclui IA, ML, Process Mining, BPM, APIs, e mais.
Capacidade de AprendizadoLimitada a scripts e regras predefinidas.Adapta-se dinamicamente com base em aprendizado de máquina e análise preditiva.
EscalabilidadeRequer intervenção humana para expandir processos automatizados.Expande processos automaticamente, integrando novos sistemas e fluxos conforme a necessidade.
FlexibilidadeBaixa, limitada a processos com fluxos lineares e previsíveis.Alta, com capacidade de atuar em fluxos não lineares e variáveis.
Colaboração Humano-RobôFocado na substituição de tarefas humanas repetitivas.Complementa o trabalho humano com análises e decisões baseadas em dados.

Fonte: Adaptado pelo autor da disciplina de Fundamentos de Hiperautomação (PUC MINAS, 2024).


Benefícios técnicos e estratégicos da hiperautomação

1. Automação Cognitiva

A hiperautomação utiliza IA para executar tarefas cognitivas, como processamento de linguagem natural (NLP) e análise preditiva, permitindo que robôs entendam, analisem e tomem decisões baseadas em dados.

2. Orquestração Inteligente

A integração de sistemas de BPM permite que a hiperautomação orquestre múltiplos processos simultaneamente, conectando os silos organizacionais e promovendo uma visão holística dos fluxos de trabalho.

3. Aprimoramento Contínuo

Ferramentas como o Process Mining identificam gargalos e oportunidades de melhoria, otimizando continuamente os processos automatizados.

4. Redução de Custo e Tempo

Com a hiperautomação, tarefas que demandariam dias de trabalho humano podem ser concluídas em minutos, reduzindo custos operacionais e acelerando entregas.

A hiperautomação no contexto atual e futuro

De acordo com a Gartner (2023), 75% das grandes organizações já utilizam RPA como ponto de partida para a hiperautomação. Com investimentos globais projetados para alcançar 1 trilhão de dólares até 2026, a hiperautomação não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para empresas que desejam permanecer competitivas na era da transformação digital. Assim, podemos compreender que a hiperautomação é mais do que uma evolução do RPA; é uma revolução que redefine como as empresas operam. Ao integrar tecnologias emergentes e possibilitar fluxos de trabalho inteligentes, ela oferece um potencial imenso para transformar negócios, otimizar processos e liberar o verdadeiro valor do capital humano. Na prática, isso significa menos tempo gasto em tarefas operacionais e mais foco em inovação e estratégia.

Para as organizações, investir na hiperautomação é um passo essencial para navegar com sucesso na era digital. A pergunta não é mais “se devemos adotar hiperautomação?”, mas sim “como e quando?”.

Referências Bibliográficas

  1. AUTOMATION ANYWHERE. O que é RPA? Automação Robótica de Processos. 2023. Disponível em: https://www.automationanywhere.com/br/rpa/robotic-process-automation.
  2. BORNET, Pascal; BARKIN, Ian; WIRTZ, Jochen. Intelligent Automation: Welcome to the World of Hyperautomation: Learn How to Harness Artificial Intelligence to Boost Business & Make Our World More Human. 2021. Disponível em: https://www.worldscientific.com/doi/pdf/10.1142/9789811235849_0001.
  3. GARTNER. GARTNER Magic Quadrant for Robotic Process Automation. 2023. Disponível em: https://www.gartner.com/en/documents/4016876.
  4. MCKINSEY & COMPANY. Operations Management, Reshaped by Robotic Automation. 2023. Disponível em: https://www.mckinsey.com/capabilities/operations/our-insights/operations-management-reshaped-by-robotic-automation.
  5. SANTOS, F.; PEREIRA, R.; VASCONCELOS, J. B. Towards Robotic Process Automation Implementation: An End-to-End Perspective. Business Process Management Journal, 26(2), 405-420. 2020. Disponível em: https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/20913/1/vers%C3%A3o%20submetida.pdf.

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Pedro Bocchese

Head de Inovação das Empresas Processor. Possui Pós-Doutorado em Administração de Empresas com pesquisas na área da Teoria Ator Rede. Doutor em Ciências da Linguagem pela UNISUL realizando pesquisa na área de algoritmos do buscador Hummingbird do Google e seu processo de personalização através do conceito The Filter Bubble. Mestre em Gestão de Políticas Públicas pela Univali onde apresentou como defesa de sua dissertação um modelo de Conversão de Metodologias de Cálculo de Valores Venais para municípios. Pós graduado em Engenharia de Software, MBA em Sistemas de Informação e Maçonologia: História e Filosofia; Pós graduando em Data Analytics; MBA em Master Digital & Metaverso. Graduado em Administração de Empresas e Análise/Desenvolvimento de Sistemas; Possui mais de 25 anos de experiência na área de desenvolvimento de software e análise de dados e mais de 20 anos em docência para cursos de graduação e pós-graduação.