fbpx Skip to main content

Em agosto deste ano, 2023, entrei em contato com Carolina para comprar uma blusa de lã de alpaca. A blusa foi escolhida em setembro e chegou na primeira quinzena de novembro. Não é uma blusa qualquer, é de lã de alpaca feita por artesãs argentinas, com desenhos étnicos, feita à mão e é exatamente como eu queria.

Não foi uma compra por impulso. Foi um namoro de um produto e mesmo que não vá ser usada no verão porto-alegrense, a emoção durará sempre que a vestir.

Carolina criou o microempreendimento Masamadre.Ba em 2022 em Buenos Aires, Argentina, com uma equipe de artesãs tricoteiras do norte e sul do país. Recebe os pedidos pela conta de Instagram, mantem um contato personalizado com suas clientes, envia os pedidos à equipe e,  uma vez prontos, enviam as blusas para ela, que na sequência despacha para nós, as clientes.

Assim como Carolina, os microempreendedores vêm tomando força contrarrestando o consumo por impulso e massivo ao que estamos acostumados há tanto tempo.

No meio da enorme rede da globalização e do comércio internacional, a saúde das nossas economias locais é muitas vezes ofuscada. As grandes empresas multinacionais ditam as perspectivas econômicas de inúmeras comunidades locais, com repercussões que ecoam em escala nacional.

A visão de uma nova economia

 Em contrapartida, existe uma  resposta a este problema para o empreendedor local.Trata-se de recalibrar os nossos motores econômicos para dar prioridade à produção local que responda às necessidades locais. Quando a produção local é insuficiente, o próximo passo deverá ser olhar para fora, mas apenas até onde for necessário. Das comunidades vizinhas ao estado ou país mais próximo, o abastecimento seria uma série de círculos concêntricos, atingindo apenas o nível global quando for absolutamente necessário.

Esta abordagem faz mais do que apenas apoiar as empresas locais. Promove a autossuficiência, tanto na escala micro (local) como na escala macro (nacional).

Enfatizando o local

Os gritos de guerra para este movimento podem ser encontrados em antigos ditados: “Pense globalmente, aja localmente”. Estas frases enfatizam uma filosofia de reconhecimento do contexto global mais amplo, ao mesmo tempo que centram esforços acionáveis ​​a nível comunitário e de base. O objetivo? Desenvolvimento econômico comunitário sustentável.

O desenvolvimento econômico comunitário (DEC) é o cerne desta nova visão econômica.  Vai além da economia pura, integrando aspectos socioculturais. Quando uma comunidade se concentra no DEC, não se trata apenas do florescimento dos negócios. Trata-se de tornar toda a comunidade mais inclusiva, criativa e holística. Desde a melhoria dos conjuntos de competências e da educação até à garantia da saúde e da habitação, o DEC promove uma comunidade onde todos os aspectos estão interligados, criando uma tapeçaria vibrante de crescimento sustentável.

Democracia socioeconômica: um modelo conceitual

Numa democracia socioeconômica, há uma dupla ênfase. Por um lado, existe um rendimento pessoal garantido para todos, garantindo que ninguém fique abaixo de um determinado limiar econômico. Por outro lado, existe um limite para a riqueza pessoal, evitando a acumulação desproporcional nas mãos de poucos.

Ao estabelecer estes limites democraticamente, a sociedade pode criar um sistema equilibrado e inclusivo onde a prosperidade é partilhada e as disparidades econômicas são minimizadas.

Para concluir

O ”Slow Movement”, ou movimento lento, e a ênfase no fortalecimento das economias locais. Trata-se de comunidades que recuperam o controle sobre os seus destinos, garantindo que os seus residentes não apenas sobrevivam, mas também prosperem. Embora o caminho possa ser desafiador, o destino — um mundo onde todas as comunidades são sustentáveis, inclusivas e prósperas — vale bem a pena a viagem.

Deixar um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Cris Ljungmann

Minha missão é aprimoramento e performance profissional, para levar ao máximo o equilíbrio da vida com o trabalho. Especialista em trabalho Remoto e Híbrido, com mais de 20 anos de experiência em treinamentos e gestão. Abordagem com ênfase na mudança e aprimoramento de mindset, metodologias ágeis, utilizando tecnologias de ponta, sem descuidar a inteligência emocional, a comunicação e com forte influência nas áreas sociais e culturais. Antropóloga pela Universidade de Buenos Aires (UBA), Coach Executivo e Pessoal pela Sociedade Brasileira de Coaching (SBC) e professora da Universidade de Cambridge. Sócia da Dynamic Mindset, fundadora da Viver para Ser, diretora executiva do Agile Institute Brasil. Cris fornece serviços de consultoria, Coaching & Mentoring, e treinamentos de liderança e performance com profissionais e empresas que estejam na procura de mudança contínua e exponencial. Praticante de esporte aventura, amante da natureza, fotógrafa e escritora.