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Talvez uma das virtudes de um ser humano que se preocupa em evoluir esteja na capacidade de extrair bons ensinamentos do passado e realizar as combinações ou sinapses orgânicas com a sua história personalíssima. É dizer, usar o “filtro do puro” e descartar a parte grossa que impede a vivacidade do líquido, do fluído, interagindo entre o ser e o dever ser em um contínuo intencional evolutivo.

Para fazê-lo, para exercer essa virtude de compilação de bons ensinamentos do passado com as combinações ou sinapses pessoais, imperiosa a abertura filosófica. Deve-se conhecer os mundos das duas pílulas de Matrix, tentar (sempre tentar) entender as suas lógicas, e ao final escolher ou alternar, conscientemente, entre os mundos disponíveis para uma vida plena.

Confúcio diria, de certa forma levando em consideração as 5 virtudes essenciais (amar o próximo, ser justo, comportar-se adequadamente, desenvolver a sabedoria e sinceridade e ter consciência da “vontade dos céus”),  que “o mundo não é o mundo de uma pessoa, mas o mundo do mundo” ²

Aristóteles, discípulo de Platão, diria em seu Tratado da Metafísica, Livro III (Beta) (tradução de Lucas Angioni, 2008, p. 55) que “se os elementos se dão em potência, é possível que nenhum ente exista, dado que é capaz de ser também aquilo que não mais é; de fato, é aquilo que não é que vem a ser, mas não vem a ser nada que seja impossível ser”.

Ao visitar um dos campos de concentração em Auschwitz em 2016 li (e nunca mais esqueci), em uma das casas usadas como de extermínio, uma frase que me acompanha desde então e que utilizo em diversas ocasiões desconectadas do Holocausto: “Those who do not remember the past are condemned to repeat it”. Nesta casa em Auschwitz a frase é atribuída a George Satayama, mas uma frase similar a esta relacionada ao “povo” que não conhece a sua história é atribuída ao filósofo Edmund Burke.

E qual a conexão entre Aristóteles, Confúcio e o conhecimento da “história” (nossa, do mundo, das civilizações…)? Ora, essencial! Sob pena de repeti-la com “outra roupagem” ou “com ares de novo”. Estar condenado a repetir a história é estar condenado a rolar indefinidamente a pedra para o alto da montanha e sempre que chegar no seu cume, retornar para a base… ³

Para evitar esse indesejado “repeteco” do braçal, trabalhoso e pouco agregador movimento de “rolagem de pedra montanha acima”, desejo que em 2024 todos os integrantes da nossa Pólis leiam de mente aberta textos de Aristóteles e Confúcio, assistam novamente a trilogia de Matrix e o sentido das pílulas azul e vermelha, e libertem-se da “condenação” da repetição da sua própria história, seja ela pessoal ou profissional.

Que 2024 seja repleto de significantes e significados reflexivos, questionáveis e que conduzam para a efetiva ação nova, arriscada e edificante!

Um forte e fraterno abraço e que Deus abençoe as suas construções humanas em 2024!


¹ Advogado (1997) e Agente da Propriedade Industrial (1998) sócio da Leão Propriedade Intelectual, Mestre (2006) e Doutor (2010) em Direito pela PUCRS, Especialista em Direito Internacional (2003) pela UFRGS, professor convidado no Brasil e exterior na área de propriedade intelectual e inovação, autor de livros e artigos na área de propriedade intelectual, redator internacional de patentes certificado pela FICPI (2017), realizado em ser Professor da 2ª (2023) e 3ª (2024) Edições do Curso PatentX – Patent Law and Global Public Health da Harvard University conjuntamente com a World Intellectual Property Organization – WIPO, parecerista e perito judicial na área de propriedade intelectual desde 2003. Marido da Camila, pai da Isis e do Antônio. E-mail: milton.lucidio@leao.adv.br.

² PERKINS, Franklin. Metafísica da Filosofia Chinesa. Tradutora: Julia Garcia Vilaça de Souza, p. 161. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/nepfil/files/2022/06/SIFFCHI.pdf, acesso em 18.01.2024.

³ Aqui faço referência ao mito de Sísifo, descrito por Camus, que desafiou os deuses e foi condenado à eternamente empurrar uma pedra até o alto da montanha e quando lá chegava, voltava até a base para perfazer o mesmo caminho indefinidamente…

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Milton Lucídio

Advogado a agente da propriedade industrial sócio da Leão Propriedade Intelectual. Mestre (2006) e Doutor (2010) em Direito pela PUCRS. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS (2002). É professor e palestrante convidado em Universidades e Instituições de Ensino Superior brasileiras e estrangeiras na área de propriedade intelectual e inovação. Parecerista e Perito judicial na área de propriedade intelectual desde 2003. Reconhecido como advogado especialista mais admirado na área de propriedade intelectual no Brasil (ao lado de outros seis advogados brasileiros) em 2021 segundo publicação da Revista Análise Advocacia que entrevistou 990 executivos de empresas brasileiras para o estabelecimento do ranking. Autor dos livros “Propriedade Industrial & Constituição: teorias preponderantes e sua interpretação na realidade brasileira” (2007) e “O Sistema Internacional de Patentes” (2004). Possui diversos artigos publicados na área de propriedade intelectual e inovação.

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