Voltando a este espaço após uma reflexão desencadeada por uma experiência recente no ambiente de trabalho, compartilho uma história que me tocou profundamente. Num jantar com clientes, tive o privilégio de encontrar uma figura notável: um empreendedor, líder industrial, visionário. Aos seus 87 anos, ele carrega uma história impressionante consigo e continua ativo, dedicado a contribuir para a sociedade e empenhado em tornar o mundo um lugar melhor.
Essa experiência me fez lembrar de alguém com quem tive uma conexão pessoal por muitos anos. Trata-se de um antigo funcionário de uma das empresas associadas a esse líder industrial de sobrenome tão respeitado.
Esse senhor passou toda sua vida trabalhando na “fábrica de pregos”, criando sua família e assegurando sua estabilidade financeira por meio de uma jornada simples, marcada por dedicação e profissionalismo. Mesmo após sua aposentadoria, ele permaneceu conectado à antiga empresa. Continuou participando de um churrasco anual com seus antigos colegas de trabalho. Esse evento era patrocinado pessoalmente pelo líder da indústria, detentor do sobrenome centenário, que sempre fez questão de reconhecer e agradecer aquele grupo de homens que contribuíram para a construção de sua história.
Ao mapearmos as linhagens de nossa árvore genealógica, descobrimos que cada geração contribuiu essencialmente para nossa existência atual. Se formos considerar os 200 anos que antecederam o nascimento de cada um de nós, uma média de 2046 ancestrais, incluindo avós, bisavós, tataravós e assim por diante, viveu suas próprias vidas, enfrentando desafios e buscando oportunidades, cada um deixando sua marca na história familiar. Essas 2046 pessoas são os pilares sobre os quais nossa própria existência se ergue, e sua diversidade e resiliência são uma fonte de inspiração para nós hoje.
Enquanto nossos antepassados trilhavam seus próprios caminhos ao longo dos últimos dois séculos, o mundo ao seu redor passava por mudanças monumentais. Há 200 anos, em um período marcado pela Revolução Industrial, muitos estavam se adaptando às novas condições de trabalho e ao surgimento de novas tecnologias. Há 150 anos, o mundo estava no auge do imperialismo europeu, com movimentos de independência e abolição da escravatura ganhando força. Há 100 anos, o mundo se recuperava da Primeira Guerra Mundial, enquanto avanços tecnológicos transformavam a sociedade. E há 50 anos, estávamos no auge da Guerra Fria, com o mundo dividido em dois blocos ideológicos. Em cada uma dessas épocas, nossos antepassados viveram suas próprias experiências, enfrentando desafios e buscando oportunidades em um mundo em constante evolução.
Hoje, estamos imersos em uma era de mudanças sem precedentes, onde a velocidade da evolução tecnológica e social é exponencial. Enquanto escrevemos este texto, estamos utilizando a tecnologia para nos comunicar instantaneamente, conectando mentes e ideias de diferentes partes do mundo. É um testemunho da rapidez com que o mundo está mudando e da maneira como estamos todos interligados em uma teia global de informações e comunicação.
À medida que olhamos para o futuro, é crucial que abracemos o espírito de aprendizado contínuo e inovação. Devemos honrar a história de diversidade e resiliência de cada um dos nossos antepassados, buscando constantemente novas formas de crescer e evoluir. Como disse Maya Angelou, “Aprendemos que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista o medo.”
O senhor com quem convivi por tantos anos faleceu não faz muito tempo. Era um simples metalúrgico, capaz de criar sua família com a força do seu trabalho na “fábrica de pregos”, teve a oportunidade de cruzar sua existência com um dos maiores líderes empresariais de nosso tempo. São histórias distintas, mas entrelaçadas. Legados que nos inspiram a seguir em frente, abraçando o novo, enfrentando o futuro com determinação e honrando aqueles que vieram antes de nós.
Ainda não sabemos aonde o mundo chegará nos próximos 200 anos, mas sabemos que esse futuro já começou a ser construído hoje, por cada um de nós.