Você sabe mesmo o que quer?

Meu filho adolescente terminou a escola e pediu que desse tarefas para realizar, já que está com tempo disponível. Na sequência entreguei para ele uma lista longe de sucinta, e também expliquei como se organizar. Ele, surpreso pela rapidez e especificidade do retorno, acatou, porém, sem deixar de fazer sua colocação: “Que difícil que é ser adulto, né?”

Respondi o que realmente acredito: não é difícil, é só saber o que queres e o que não. A certeza do que desejas alcançar, vai te colocar em situações de escolha constante. Terás que dizer não para coisas que gostas, abandonar coisas que já tens, aprender a dizer não e lidar com a frustração.

Certamente não era uma lição de moral de vida o que ele procurava numa manhã de sábado, enquanto tomávamos nosso café com a leveza de sempre. Mas, aproveito o início de ano, momento de refletir, de planejar, de se renovar, para voltar no velho assunto de sempre, ter objetivos claros. Porque na repetição é que muitas vezes incorporamos conhecimento para convertê-lo em ação.

Na escalada em rocha falamos “não adianta querer, tem que querer muito”. Mas nos negócios, na vida (principalmente) você sabe o que realmente quer? E se souber, você quer muito? Esqueça a idade, esqueça as críticas e pressões e expectativas sociais, esqueça acumular coisas que não precisa, você sabe?

O guru do design, estrategista e gênio do marketing bem feito, Chris Do, instiga os seguidores indo além da traçada de metas e objetivos: Você quer sucesso?

• Não há pílula mágica
• O sucesso requer talento: você está disposto a manter uma mente aberta e aprender?
• Seja focado a laser (be laser focused): o esforço aplicado consistentemente em um foco específico, levará aos maiores ganhos. Aprenda a dizer não com mais frequência.
• Nem tudo faz sentido inicialmente: é impossível predizer o futuro olhando para o passado. Não tenha medo de fracassar, só esteja disposto a tentar.
• Ignore as críticas: Novas ideias assustam às pessoas
• Requer sacrifício: você vai ter que abrir mão de coisas que já tem, por coisas que você quer. Elimine o não essencial.
• Não será fácil
• Seja paciente: a gratificação real não é imediata. 

Definido o que queremos, e muito, é o momento de entender que a caminhada não é simples. Por exemplo, quando treino para uma expedição de alta montanha, não adianta só  ir na academia, pedalar, ou realizar qualquer atividade que faça com relativa facilidade. É fundamental treinar a mente, colocar ela em situações limite e aprender a lidar com o medo, a frustração, resiliência e paciência. Já falamos sobre isto em artigos anteriores, mas desta vez vamos dar um passo além.

Definimos nossa meta, nosso objetivo. Compreendemos a dificuldade da caminhada, cada passo para atingir ela e preparamos nosso corpo e mente para tal fim. E parabéns, conquistamos ela. O cume de uma montanha, a mudança de vida, uma mente calma, sucesso nos negócios, um companheiro (a) para a vida, um carro, ou o que for que desejamos tanto. E agora?

Todo homem ou mulher num estágio de consciência evoluído, sabe muito bem que nada disso é um fim em si mesmo. O que procuramos (e precisamos) é o amadurecimento do nosso ser.

Richard Barrett, na sua obra Coaching Evolutivo, define o amadurecimento como uma escolha, citando a Abraham Maslow  “Todo ser humano tem dois conjuntos de forças dentro dele. Um conjunto que se apega à segurança e defesa por medo, tende a regredir, agarrando-se ao passado, com medo de crescer… medo de se arriscar, medo de pôr em risco o que já existe, medo da independência, da liberdade, da separação (ego). O outro conjunto de forças nos impele para a frente em direção à totalidade e à singularidade do Ser, em direção ao pleno funcionamento de todas as nossas capacidades, para a confiança em face do mundo externo, ao mesmo tempo que pode aceitar o seu mais profundo, real e inconsciente Eu.”

Assim, se estamos dispostos a abraçar as mudanças, mesmo que inspirem medo, iremos amadurecer. Só vamos avançar se tivermos confiança na nossa capacidade de lidar com as dificuldades, que a situação possa representar ou exigir, e coragem de enfrentar o medo que estamos sentindo. E vamos recuar quando o nível de medo é maior do que nossa crença em nossa capacidade de lidar com os desafios, ou que constitui uma certa ideia de segurança.

Para finalizar, pergunto novamente para você: Você sabe mesmo o que quer? Quer muito? Está disposto e é capaz de enfrentar seus medos para chegar lá?