O poder sempre mexeu com o homem.
O primeiro de todos foi o poder do fogo: reunião, proteção, calor, e, por que não dizer, uma forma de amor. O poder é sedutor, imperativo, fala da força com a mesma intensidade que constrói paixões.
A capacidade de alimentar o estômago, o espírito, festas e até mesmo traições, fizeram do fogo algo decisivo aos nossos ancestrais.
A sensação de não ter nenhum poder sobre as pessoas e acontecimentos é, em geral, insuportável. Quando nos sentimos impotentes, ficamos infelizes.
Nenhum empresário, CEO, executivo, profissional, candidato a uma posição, quer menos poder; todos querem mais. Expressar esse desejo, ou até mesmo fazer uso da palavra poder, não é considerado politicamente correto.
A verdade é que sem poder, como diria Bertrand Russell, “não se tem a capacidade de produzir os efeitos desejados”. Um líder impotente não consegue conduzir sua organização rumo ao sucesso.
A história nos comprova: ao redor de uma pessoa poderosa sempre faltam cadeiras. Os bajuladores acreditam que ninguém os identifica; normalmente, maltratam os que na sua opinião estão abaixo com a mesma intensidade que acenam positivamente com a cabeça às ideias lançadas pelo “chefe”.
Esse jogo de constante duplicidade é o câncer das organizações, porque, quando entra na cultura, apodrece a espinha dorsal da companhia. A saída silenciosa dos bons profissionais, turnover elevado, somados ao desligamento de parceiros estratégicos vão reduzindo a capacidade competitiva da empresa. Ratazanas nunca olham no olho.
Um dos maiores problemas dos autoritários está na ausência do espaço à crítica; a falta de humildade do líder coloca em risco o futuro de médio e longo prazo.
São poucos presidentes de Conselho de Administração que conseguem distinguir o sucesso do curto prazo com as sombras da tormenta que se cria no horizonte.
O fundamento crucial do poder é saber dominar suas emoções. Encontrar o equilíbrio ao longo da travessia exige um olhar maior e imparcial.
Nicolau Maquiavel afirmava: “O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons”.
Os podres poderes existentes nas cortes, movidos pela ganância, inveja, luxúria e ódio, não desapareceram com o passar do tempo. O que mudou foi a forma de espalhar o fogo.
A tecnologia é uma das representantes do novo poder, porque, assim como o fogo, constrói comunidades para o bem, da mesma forma que incendeia multidões. A questão é como prosperar, navegando de forma positiva, impactando o maior número possível de pessoas. Comunidades da marca começam a partir da comunidade interna da empresa, “viva e pulsante”.
Acredito que a perenização de qualquer forma de poder não se sustenta: a não ser a do fazer o bem. São poucas as empresas que conseguem evitar momentos de tirania.
Tudo vale até o momento que deixa de ser saudável, produtivo. Não tem CEOs insubstituíveis, nem diretores, tampouco modelos de negócios infalíveis.
A coragem está em encontrar a vontade para superar o medo e agir. O poder deve ser colocado a serviço da sobrevivência e do desenvolvimento do negócio.