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A tomada de decisão representa um dos desafios mais complexos para líderes, envolvendo colaboração, influência, comunicação, documentação e muito mais. Todos esses elementos convergem na tomada de uma decisão e apoio às ações subsequentes.

Neste artigo, juntamos o vasto conhecimento em neurociência comportamental da Dra. Nathalia Yunes e a experiência em gestão e business que tenho para auxiliá-los na compreensão e ações necessárias para otimizar seus resultados.

Ensinando há muitos anos sobre neurociência comportamental, em diferentes contextos, Nathalia gosta sempre de começar explicando o que são decisões, já que elas dão origem ao que chamamos de comportamento.

Objetivamente, a tomada de decisão é um processo que resulta da avaliação de diferentes alternativas e da escolha daquela que representa a opção mais adequada a partir das nossas preferências, referências, classificação ou julgamento. Mas para compreender como o cérebro funciona nessa situação, precisamos entender isso na prática.

Imagine que você é um/uma cirurgião/cirurgiã experiente, envolvido em uma operação crítica quando uma crise imprevista ocorre, colocando em risco a vida do paciente. Você tem tempo limitado, com sorte alguns poucos minutos, para tomar uma decisão que pode salvá-lo. Se você fosse processar conscientemente o vasto reservatório de informações armazenadas em seu cérebro, incluindo toda a sua carreira, conhecimento acadêmico, interações com colegas e resultados de experiências passadas, provavelmente perderia o paciente. Surpreendentemente, o cérebro se destaca no processamento dessa riqueza de informações em uma velocidade que supera a percepção consciente, identificando a escolha ideal antes que possamos registrá-la conscientemente.

Além dessas decisões complexas de vida ou morte, cada ação que empreendemos constitui uma decisão que o cérebro deve navegar. Por exemplo, ao compor este texto, cada seleção de palavras envolve a consideração de palavras anteriores e subsequentes. Da mesma forma, a cada passo que damos, o cérebro orienta nosso caminho. A capacidade de tomada de decisão do cérebro opera incessantemente, evoluindo para maximizar a eficiência enquanto conserva energia. Surpreendentemente, apenas 5-10% do processamento cerebral é consciente e verbal, com o restante ocorrendo em um nível não consciente e não verbal. Isso enfatiza que nossas decisões são predominantemente orientadas por processos automáticos, emoções e mecanismos implícitos. Nesse cenário, muitos processos que influenciam nossas escolhas escapam de nossa consciência, mesmo em decisões aparentemente racionais. As emoções servem como ferramentas avaliativas, imprimindo nossas memórias como se fossem carimbos, muitas vezes sem nosso reconhecimento consciente. Em essência, emoções vinculadas a pistas contextuais, experiências e conhecimentos prévios aceleram a tomada de decisões. No entanto, essa espada de dois gumes de automações e processos emocionais pode levar a decisões equivocadas quando viessem vieses e padrões não examinados entram em jogo. Portanto, tanto a razão quanto a emoção devem contribuir para o processo de tomada de decisão para obter resultados ideais.

Tendo obtido uma visão dessa dinâmica, podemos explorar estratégias para nos prepararmos para decisões intricadas:

  1. A prática e a experiência tornam o cérebro cada vez mais eficiente para tomar decisões, portanto em vez de se esquivar dessa tarefa, prepare-se para ela. Padrões, processos predefinidos e melhores práticas são maneiras rápidas de ganhar mais experiência sem precisar passar por toda a jornada de aprendizado;
  2. Empresas com uma cultura de abertura ao erro tendem a ser mais inovadoras e desenvolver melhores soluções. Em partes, isso ocorre porque nesse contexto podemos testar diversas alternativas e o erro é uma referência importante para decisões futuras. Por mais desconfortável que seja, na próxima vez que encontrar uma falha, no lugar da crítica pense nele como uma nova informação e convide outras pessoas para exercitar de forma colaborativa alternativas para o problema e documentar a experiência. Reavaliar se esse erro trará um resultado bem-sucedido em um ambiente ou cenário diferente pode valer a pena um dia;
  3. Conhecimento a partir de referências novas e diferentes aumentam nosso repertório e capacidade de observar um fenômeno por diversas perspectivas, o que nos permite tomar decisões de forma mais confortável e com menos vieses. Um grande líder sabe quando desafiar o status quo e buscar algo novo, mesmo que o atual esteja funcionando bem;
  4. Não tenha medo de mudar de ideia, ao surgirem novas informações e desfechos, o cérebro é capaz de recalcular a decisão para adequá-la às novas referências buscando a melhor solução;
  5. Não ignore as suas emoções, o desconforto de uma decisão pode significar que ela não está coerente com as suas referências positivas sobre o assunto ou não casa com os seus valores profissionais e pessoais. Se possível, elabore sobre o seu desconforto com alguém que entenda do assunto e seja da sua confiança, isso ajuda a organizar os pensamentos e entender melhor a situação;
  6. Se você tiver tempo, tente se afastar por um período da questão a ser decidida. Um passeio no final de semana, uma boa noite de sono ou até mesmo um banho mais relaxante ajudam o cérebro a criar novas conexões e com isso utilizar de maneira mais produtiva todas as informações disponíveis para tomar uma decisão;
  7. Se você não tiver todo esse tempo para tomar uma decisão difícil, intencionalmente provoque uma pequena pausa antes de decidir, ainda que seja apenas para respirar e pousar a atenção na sua respiração por alguns segundos. O neurocientista Antônio Damásio, em seu livro “O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano”, diz que ” o raciocínio nos dá a opção de pensar com inteligência antes de agir de maneira inteligente “, e essas pausas nos ajudam a recuperar algum processamento consciente e minimizar o impacto de automatismos e respostas emocionais inadequadas.

Tomar decisões complexas é uma das tarefas mais estressantes para o nosso cérebro, e a maneira mais eficiente que ele tem de lidar com isso é automatizar esse processo associando memórias e emoções. Sabendo disso, pode tentar estar mais ciente dos seus padrões comportamentais ao tomar uma decisão, parar de negligenciar suas emoções como parte delas e usá-las a seu favor ao decidir.

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Alexandre Oliveira

Engenheiro de formação, gerente de projetos por aptidão, consultor em melhoria de processos por paixão. Mais de 20 anos de experiência em automação, gerenciamento de projetos, gestão em tecnologia para empresas de diversos ramos buscando reduzir risco, aumentar rentabilidade e otimizar recursos.