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Nesta caminhada do empreendedorismo inovador tive a oportunidade de conhecer muitos empreendedores de startups. Avaliei e mentorei uma série de empresas, observando características distintas entre os empreendedores, suas equipes e suas capacidades técnicas e empreendedoras.

Agora, uma coisa me chama muito a atenção! A maioria absoluta tem uma condição diferenciada para “arriscar”. Muitos abrem mão de empregos em áreas promissoras como TI, abdicando de ótimos salários, para criar seu empreendimento. Posso afirmar que, pais, mães tios, tias e parentes são grandes colaboradores nesta fase embrionária das startups, o que chamo de “Capital do Amor”. Este capital invisível, mas que sustenta sonhos, por vezes torna-se mais relevante do que capital semente e rodadas futuras de investimento. A falta deste capital, inviabiliza sonhos de quem não teve o privilégio de estar em uma classe social diferenciada. Segundo dados do site vagas.com.br, os rendimentos iniciais de um CEO de startup em média são de R$ 2.149,00. Posso afirmar, através de minha experiência de 15 anos com empreendedorismo inovador, que a grande maioria dos empreendedores destas empresas não se remuneram ou recebem bem menos de R$ 2.000,00 ao mês na etapa inicial dos empreendimentos. A questão que fica para mim é: quem resolve este problema/dor? Muitas vezes, investidores anjos se disfarçam de pais, mães e parentes, dando o “smart money” mais importante que alguém pode receber: apoio, afeto, motivação e confiança. Outros apenas oferecem sua experiência, suas relações e dinheiro. O que também ajuda.

Agora, como podemos socializar e ofertar o “capital do amor” a empreendedores de periferia, que não possuem as mesmas oportunidades e condições? Ou ainda, apoiar empreendedores de uma faixa etária mais elevada, que deixam o sonho de desenvolver um negocio inovador de lado, pois já tem família constituída e não podem deixar de abrir mão de uma condição mínima para tentar a sorte em um empreendimento de tecnologia?

Reafirmo que este capital é sem dúvida nenhuma o de maior risco, pois neste momento não há negócio, não existe escala e tão pouco comprovação de mercado. É neste momento que o empreendedor tem um “Mundo” de coisas para fazer. Planejar, desenvolver, prototipar, testar, aprender, definir modelo de negócios, testar, errar, aprender, testar de novo e de novo…

Neste momento que o empreendedor coloca a prova sua resiliência, sua capacidade de execução e criatividade, além de sua fé. Aqui, uma das principais características é a capacidade de contar histórias sem que elas estejam comprovadas. Na verdade, é fazer com que acreditem em suas próprias crenças, sem a certeza de estar certo.

O empreendedor iniciante precisa convencer equipe, ter a capacidade de engajar diferentes perfis e de obter ajuda permanente. É um desafio gigante e desgastante. É difícil até mesmo para pessoas com condição privilegiadas, imagine para quem está à margem da sociedade.

Para gerar oportunidades aos menos abastados, sugiro uma prática simples e que já fora testada nos ambientes corporativos. Todos aqui já ouviram falar dos programas de trainee. O objetivo é ajudar o funcionário a conhecer todos aspectos inerentes ao negócio, passando por diversas área da corporação, participando de processos de qualificação, para que no futuro possa se tornar um executivo.

Minha sugestão é que grandes empresas pensem a inovação aberta não somente com um caráter econômico, mas também social. Surge o Empreenee (não reparem no nome, não sou um especialista em marketing…), um projeto que pode ter tempo limitado pela corporação, onde o empreendedor recebe uma remuneração mínima para: se dedicar a um negócio de startup e ainda, que possa estar se qualificando sistematicamente nos diversos temas necessários para as melhores práticas de empreendedorismo inovador. Seria uma fase anterior à capital semente ou Corporate Venture. O tempo do empreendedor seria dividido em 50% para colocar em pé suas hipóteses de negócio, 25% do tempo em qualificação e 25% do tempo vivendo o mundo corporativo. Esta relação com o corporativo é extremamente necessária para compreender que disciplina de execução, processos, sistemas, relacionamento são características fundamentais para escalar a inovação. Não é somente de ideias e ambientes com post-its que negócios promissores nascem. É preciso oportunidade, disciplina, resiliência, foco e amor.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Tiago Lemos

Economista, com pós em Economia empresarial e Engenharia de Produção, consultor especialista em inovação, investidor anjo e empresário.

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