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Durante as quase duas décadas em que trabalhei numa grande empresa nacional de engenharia de projetos, tive oportunidade de admitir muitos estagiários, através do excelente serviço prestado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RS), instituição privada, sem fins lucrativos, altamente benéfica para o treinamento de estudantes em suas áreas de formação, junto às empresas. De lá para cá, a instituição cresceu e ampliou, em muito, suas atividades.

Os procedimentos eram simples. Aberta a vaga para estágio, a empresa solicitava o envio de currículos dos pretendentes já inscritos no sistema e, posteriormente os entrevistava. Os jovens admitidos eram incorporados e recebiam atenção especial supervisores dada a natureza pedagógica implícita em sua participação nas atividades da empresa.

Por isso, foi com pesar que li hoje (20/06) em ZH, matéria sobre uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) que escrutinou o desempenho de 59.776 concorrentes a vagas, concluindo que “83,5% foram reprovados por apresentarem conhecimento gramatical insuficiente”.

No entanto, sublinho eu, ainda há quem diga que isso não é importante, que não se pode confrontar o aluno com o ambiente cultural de onde procede e que cada um se comunica como quer e pode – o que são verdades em inúmeras circunstâncias e condições de vida – mas não tem validade para outras em que dificulta o acesso ao trabalho e a remuneração.

Não surpreendem os dados da tabela que ilustra a matéria e está reproduzida acima. Os piores resultados foram constatados entre estudantes de Pedagogia. Insistentemente tenho apontado, com a concordância de bons mestres, expandir-se aí uma das raízes do problema. Há questões teóricas e ideológicas mal elaboradas nos cursos ligados à Educação! E há, também, problemas sociais pendentes de solução através dos séculos em nosso país, problemas que só a Educação poderá resolver. Nossa maior riqueza, cujas potencialidades são superiores a qualquer dos fatores de produção, está no conjunto daquilo que os indivíduos podem, consciente e dedicadamente, com educação de qualidade, desenvolver em si mesmos.

Já é daí que, embora insuficiente, vem muito do que somos. Contudo, só sentaremos orgulhosamente entre as grandes nações da terra, só alcançaremos um bom nível de bem estar social quando a formação da nossa gente estiver elevada a um bom padrão de suficiência. Em outras palavras: quando estudantes estudarem, professores ensinarem e as comunidades, com suas elites políticas, sociais e econômicas se preocuparem e se ocuparem disso.

Então, a prosperidade e o bem estar social advirão de modo irresistível, como irresistíveis são as forças da natureza. Esse é o ignorado ensinamento de tantos povos!

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Percival Puggina

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Ver perfil completo >>

2 Comentários

  • Cesar Cavalheiro Leite disse:

    Belo ponto Puggina

  • Ana Cristina Mairesse disse:

    Sensacional reflexão Pugina!!! Nos tempos atuais não vale mais a lógica do fazer por merecer. A sistemática de avaliação nas escolas reflete muito isto, ou seja, o objetivo é passar o aluno, não se pode estressar ele, submetê-lo ao desafio ou exigir mais do que ele “pode” entregar e com isto todo o sistema fica enredado. É o ovo e a galinha, a educação não é boa porque as pessoas não tem condições adequadas de vida e a vida não é boa porque as pessoas não tem ensino de qualidade. Temos todos que trabalhar duro para retomar a busca pelo melhor de cada pessoa, desafiá-las e não em conceder-lhes acesso a mediocridade apenas.

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