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Com o passar dos anos, alguns conceitos sociais vão sendo automaticamente incorporados ao cotidiano da vida, paralisando nosso senso crítico de causas e efeitos. É como se aceitássemos passivamente um roteiro pré-definido, tornando-nos reféns de fórmulas prontas e acabadas. De repente, a vida passou e simplesmente deixamos de viver o que poderia ter sido único. Na impiedosa marcha do tempo, por vezes, aceitamos ser apenas mais um na multidão que se deixa levar…

Felizmente, no lago da existência, nem todos os cisnes são brancos.

Aqueles que ousam desgarrar da manada coletiva são, não raro, rotulados de loucos, esquisitos ou excêntricos. Sim, a diferença incomoda e faz notar. Aqui, o sentimento é absolutamente ambivalente: se não é fácil ter os olhos de reprovação contra si, não há nada mais libertador do que se conectar com a essência humana que nós faz únicos, elevando toda a energia do talento e da criatividade intelectual a serviço do queremos ser.

Ora, a teoria nem sempre é prática. Embora muitos se pressuponham livres, poucos realmente o são. É justamente por isso que o processo de inovação é tão difícil e complexo. Afinal, não basta querer inovar; é preciso fazer disso uma tendência de alta ressonância social, quebrando barreiras e padrões antes tidos por inquestionáveis. Ao invés de aceitar que “as coisas são assim”, o inovador vai lá, faz diferente e paga o oneroso preço da ousadia: o descrédito daqueles que ainda insistem em enxergar o mundo em preto e branco.

Sim, a tecnologia lança novas lentes sobre a realidade, permitindo a criação de um futuro com as cores do impensável. Com efeito, para vivermos todas as possibilidades do amanhã, teremos que mudar o sistema operacional humano. Em linguagem figurada, não podemos mais ser aqueles pesados computadores antigos que projetavam inatraentres letras verdes e quadradas; aliás, ao invés de ordens manuscritas, os comandos computacionais do futuro serão progressivamente de voz, transpondo o já incrível dinamismo da instrumentalidade “touch”.

Nesse contexto em transformação pulsante, as estruturas mentais e institucionais da era industrial são absolutamente incompatíveis com a velocidade frenética da economia digital. Ou seja, precisamos falar urgentemente da educação de nossas crianças, libertando-as das massivas técnicas de padronização do pensamento que, um dia, foram tão úteis para os roteiros e modelos de chão de fábrica.

Frisa-se que não se trata apenas de refocar o estudo de base, mas também retreinar a população adulta e economicamente ativa para ofícios crescentemente digitais. Em outras palavras, temos que implementar uma vasta rede de “micro colleges” e “short trainings”, tornar o livre acesso à internet um direito fundamental de todos e utilizar os espaços do poder público para uma ampla difusão plural do conhecimento, aproximando iniciativas validadas ou impulsionadas pelo setor privado.

Por tudo, estamos diante de uma profunda alteração sistêmica do processo econômico e humano da vida em sociedade: a robotização algorítmica marca o fim da artificial robotização humana para fins laborais. Por assim ser, a tecnologia, como obra da inteligência superior, é uma carta de alforria à liberdade criativa, tão duramente aprisionada nos lineares e previsíveis modelos da época industrial.

O desafio, agora, é ensinar as pessoas a serem livres, vivendo todo o potencial da liberdade, habilitando-as ao trabalho no ecossistema digital. Embora cheia de charme e com muitas oportunidades, a tecnologia traz riscos ocultos, elevando o nível de conhecimento humano, derrubando barreiras físicas e territoriais, substituindo players e mudando as lógicas do macrotabuleiro do poder. Ou seja, a competição econômica, além de mais acirrada, é global, nos forçando a medir esforços com concorrentes de diferentes latitudes e longitudes.

Logo, não basta apenas olhar para o Brasil ou para nosso vizinho do lado, pois a dinâmica contemporânea é infinitamente mais ampla. No entanto, ampliação de campo não significa desprezo de foco. Afinal, a vida ensina que, nos silenciosos detalhes da existência, podemos encontrar as circunstâncias necessárias para eloquentes negócios de sucesso.

Créditos da imagem que ilustra este artigo: Feodora Chiosea

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Sebastião Ventura

Advogado, especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande Sul. Ver perfil completo >>

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