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Em Dezembro de 2020, desembarquei com a minha família, na Costa do Marfim, na cidade de Abidjan (Abidjã, em Português), no Oeste Africano.

Um novo desafio para nós, que estávamos saindo do Paraguai, depois de 2 anos e, anteriormente, havíamos passado por várias cidades e regiões do Brasil.

Carioca, casado com uma paranaense, com dois filhos (um Brasileiro e um Paraguaio), tenho como propósito de vida aumentar o potencial das pessoas, através da tecnologia.

Sempre em busca de desafios, acredito que vir para o Continente Africano deixa bem claro que tenho uma missão que pulsa mais forte, na hora de tomar decisões e definir os rumos de vida.

E com mais essa mudança, mudaram também os desafios e as habilidades necessárias para lidar com eles. É claro que, não importa onde eu esteja, sempre existem desafios. Mas, mudar de continente, de cultura, de legislação, etc mudou muito minha/nossas vidas

Neste sentido, quero elencar alguns destes desafios. E, também, como propósito desse artigo , provocar você a enxergar de forma mais ampla o mundo globalizado, porém ímpar, em que vivemos.

Para iniciar, gostaria de ambientar, você, leitor, de onde estou.

A região da África que trabalho possui 22 Países, onde falamos Português, Inglês, Espanhol e Francês. E tudo que vou relatar não refere ao Continente Africano como um todo, mas ao que experimentei e vivo atualmente, no País onde moro.

Primeiro deles, o Idioma: O idioma oficial é o Francês. E chegamos aqui, sem saber falar absolutamente nada. No escritório, a maioria fala Inglês. Mas,  e na rua? No mercado? Para cortar o cabelo? E a minoria do escritório? Claro, você pode me dizer: “Use o Google Tradutor ué!?”  Porém eu não sabia falar Francês. E algumas pessoas, não sabem ler aqui também.. ☹ …   Agora você entende o desafio, né?

Como resolvi? Me joguei de cabeça, sem medo de errar. Aprendi a perguntar “como se chama isso?” E, saía à rua sem celular. Parava nas bancas de comida onde as mulheres vendiam seus produtos e ali, com o equivalente a 5 reais, comprava algo e tinha minhas aulas de francês.

Segundo desafio: O preconceito. Sim, ele existe! Aqui eu sou considerado “branco”. Eles me olham diferente. E, quando vou comprar algo, o primeiro preço sempre é 3 vezes maior que o valor cobrado a um local.

Não vou falar sobre custo de vida, pois acredito que isso está alto para o mundo todo. Mas uma cabeça de alface custando 60 reais, faz a gente repensar o plano alimentar por aqui, ok?

Falando sobre cultura e valores, principalmente nas relações profissionais:

  • Esqueça a pontualidade. Prestadores de serviço ou colaboradores vão chegar, fique tranquilo. Eles são orientados ao evento, e não ao horário. Se no meio do caminho, eu encontrar um primo que não vejo há tempos, vou parar, conversar, dar atenção a essa pessoa.
  • Mais importante do que, é quem: Quando vou falar com alguém, não entro direto no assunto. “Bom dia fulano, tudo bem? Então, a versão do produto será entregue hoje, se possível até meio dia?”  não não não…..aqui é assim: “Bom dia fulano. Tudo bom? E a família? E as crianças? Como passaram a noite? Muito trânsito para chegar? Aproveitando, parabéns por aquele artigo no Dynamic Mindset, foi fenomenal. Rapaz sobre a versão que precisa ser liberada, como está? Tá corrido, né? Hoje talvez não? Tranquilo. Mas sei que até amanhã ou depois você consegue.”  E, claro, a pessoa vai responder e te fazer as mesmas perguntas. Então prepare-se para não colocar muitas coisas no teu To-Do List.
  • Não é seu, é nosso: Tudo eles dividem com você. Mas divida com eles também, tá certo? Algumas vezes, meu assistente me chamou na sala dele para comer algo que ele comprou. Neste momento paramos o que estamos fazendo e passamos a comer juntos. E sem pressa, pois é falta de respeito terminar de comer antes do outro aqui. Todos terminam juntos. Por isso que em alguns vilarejos eles comem na mesma tigela e com as mãos (sim, sem talheres). Já vivi esta realidade e comi com as mãos 😊. É uma experiência bem interessante. 
  • Respeito extremo aos mais velhos e aos “Patrões” :Sim, aqui eles esperam de alguém com mais idade ou posição de liderança, uma boa dose de autoritarismo. Essa é a parte mais difícil para mim, acostumado com liderança inclusiva, somos uma equipe, juntos chegaremos, etc.

Apesar de saber que não vou ficar aqui por muito tempo, aproveito cada dia para buscar melhorar algo nas condições de trabalho para todos aqui. Seja organizando o ambiente de trabalho tecnológico, seja ensinando a usar alguma ferramenta de produtividade, mostrando que soluções na nuvem são o caminho da tecnologia, colocando equipamentos de segurança no ar, implementando sistemas, ensinando como criar um formulário no Google ou, até mesmo, ensinando como lidar com certas atividades de back office.

Aqui onde estou, em minha organização, não tenho a estrutura cultural nem econômica  para pensar em tecnologia de ponta como Big Data, Inteligência Artificial, IoT, entre outras

Mas , com a lógica local e minha agregação de valor, conhecimento adquirido, aprendi que se adaptar sempre faz a diferença e com isto,   pequenas ou grandes, novas soluções para resolver velhos problemas sempre são bem vindas. Ainda mais se você as oferece com um sorriso sincero e empatia.

Aliás, para eles, vale muito dizer, tem muita coisa do outro lado do oceano, sim, nosso Brasil, que está muito atrasada também e que precisa aprender com eles.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Marcos Nunes

Marcos Nunes, profissional de TI com 20 anos de experiência, sempre focado em solucionar problemas e na satisfação do cliente. Apaixonado por programas de entrevistas, Google Maps e Churrasco, ideal para uma boa prosa com amigos novos e existentes.

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