Comecemos pela definição:
A entropia (do grego εντροπία, entropía), unidade [J/K] (joules por kelvin), é uma grandeza termodinâmica que mede o grau de liberdade molecular de um sistema termodinâmico, e está associado ao seu número de configurações (ou microestados), ou seja, de quantas maneiras as partículas (átomos, íons ou moléculas) podem se distribuir em níveis energéticos quantizados, incluindo translacionais, vibracionais, rotacionais e eletrônicos. Entropia também é geralmente associada a aleatoriedade, dispersão de matéria e energia, e “desordem” (não em senso comum).
Fonte: Wikipedia
Nós, enquanto seres humanos, somos um sistema vivo, complexo, baseados em energia e outras coisas mais que nos tornam ainda mais complexos enquanto organismos vivos, como sentimentos, racionalidade, nosso passado, nosso dia a dia, nossa educação e formação enquanto crianças.
Há aproximadamente 14 bilhões de anos ocorreu o Big Bang, o nascimento do universo.
Antes do Big Bang, dizem os cientistas que a entropia era baixíssima. Por quê? Para isso precisamos entender o que é baixa entropia e alta entropia.
Em termos simples, baixa entropia é quando temos pouca “desordem”. Alta entropia é o oposto, temos “alta desordem”. Desordem aqui não é o que entendemos como desordem no senso comum.
Abaixo temos um exemplo de níveis de entropia:
Agora que sabemos vagamente o que é entropia, você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com nosso dia a dia, nossa sociedade, nossas vidas pessoais e profissionais?
Muito!
Baixa entropia pode ser relacionada com ordem, organização, tudo tranquilo e de certo modo estático.
Alta entropia, por sua vez, pode ser relacionada com mudança, agregação, criação, evolução, de modo ordenado ou não.
Talvez agora já comece a fazer mais sentido como podemos relacionar a entropia às nossas vidas.
Olhe para um cenário de baixa entropia, ele não se assemelha bastante como uma vida organizada, calma, sem surpresas, sem desafios, sem medos, sem frios na barriga, sem tensão, sem dor, sem nada que nos faz evoluir em todos os aspectos de nossa vida.
Já um cenário de alta entropia é algo que está em constante mudança. O caos vem para organizar a “desordem”. Desordem porque somos seres que precisam de evolução, de desafios, de medos para superarmos. Nosso universo e nosso planeta e todos as demais entidades que existem lá fora vivem em constante evolução.
A imagem abaixo ilustra um pouco essa linha evolutiva de quase 14 bilhões de anos.
Transportando isso para nosso dia a dia podemos, facilmente, fazer uma analogia com a tão famosa zona de conforto.
A zona de conforto onde nos encontramos ou nos colocamos, pode ser comparada a baixa entropia. Nada acontece, tudo está devidamente no seu lugar, organizado. Mas também sem novidades, sem mudanças, sem crescimento com suas várias nuances, sem frio na barriga, sem emoção.
A zona de conforto pode ser necessária por algum tempo, quando precisamos enxergar claramente à frente, dar um zoom out, planejar e seguir, sair da zona de conforto, abraçar o caos e a desordem para seguirmos vivos e vivendo.
Uma pessoa com uma vida com baixa entropia tende a ter medo do que ela não conhece, pode deprimir-se mais facilmente e se resignar a esta sua vida achando que a vida é isso mesmo.
A vida é muito mais que isso. A vida é aquele friozinho na barriga, o medo que precisamos vencer. Isso nos deixa vivos, faz o sangue circular, a cabeça pensar e corpo agir.
Muitas coisas só existem hoje porque alguém que não se dava bem com baixa entropia decidiu criar a “desordem”. Em tecnologia vemos isso quase todos os dias. O exemplo mais recente de um boom de entropia no mercado foi o ChatGPT. Uma ferramenta fantástica que bagunçou toda a pseudo-ordem que existia. Desde maneiras de evoluir na educação, buscas na internet (Google já sentiu isso e também sentiu que o tema de casa deve ser bem-feito, o tema mal-feito custou 100 bilhões de dólares), customer service, saúde, etc. O leque de possibilidades é imenso, para o bem e para o mal.
Mas, voltando ao nosso assunto, entropia e zona de conforto. A entropia precisa estar presente nas nossas vidas de forma ativa. Precisamos sair sempre da nossa zona de conforto, encarar o desconhecido com medo, mas fazendo de conta que não tem medo. Temos até aquela frase famosa: Está com medo? Vai com medo mesmo e faz.
Jamais estaremos 100% preparados para tudo que pode surgir, para o próximo desafio, para o próximo trabalho, para a próxima viagem para um país desconhecido com cultura completamente diferente da nossa.
Isso nos mantém vivos, a vontade de conhecer o desconhecido, de criar o caos na nossa “ordem” e ter experiências de vida que nos ensinam muito mais do que aprenderíamos em toda nossa vida frequentando escolas, universidades e cursos.
Nossos maiores aprendizados, aqueles que nos preparam para encarar o desconhecido mesmo com medo, vem da vida vivida, daquilo que nos faz ser quem somos, com nossas características peculiares. Todo esse aprendizado pode e deve ser usado para nos puxar para fora da zona de conforto, para criar o caos e nos colocar no meio do turbilhão.
Passamos pelo caos e saímos do outro lado transformados, evoluídos e com menos medo.
Existe um vídeo bastante antigo chamado Wear Sunscreen e ele tem uma frase que eu guardo até hoje: “Do one thing everyday that scares you“.
Isso nos tira da zona de conforto. Podem ser pequenos desafios, pequenos medos, mas o resultado e impacto disso na nossa vida é alto.
E a sua vida, como anda a entropia dela? Alta ou baixa? Conta para a gente aqui nos comentários.
Ótimo artigo, é interessante parar para pensar que a entropia acaba nos levando a sair da inércia ou dispersando a heterogeneidade tornando um só homogeneo.
Obrigado, Helium!
Lisandro, parabéns pelo instigativo artigo!
Agradecido e honrado pelo comentário, Adriano! Forte abraço!