Em 1932, Aldous Huxley publica sua obra-prima – Admirável Mundo Novo, história de uma sociedade futurista, em que seus habitantes buscam viver em harmonia. Nas suas obras, dois temas são recorrentes:
- O impacto do contexto no comportamento das pessoas;
- As diferentes perspectivas e seus significados.
Vejo com muita clareza que estamos na ponte entre um mundo conhecido (que já passou) e um novo que ainda não sabemos qual é. Nesse modo “trânsito”, tudo está em ebulição. No Caldeirão Brasil, polarizado entre direita e esquerda, os fatos podem ser enquadrados em perspectivas diferentes.
A “geração nem–nem” praticamente dobrou de tamanho. Os jovens que “nem trabalham, nem estudam” aguardam o sinal abrir. Na verdade, esperam nem sabem bem o quê. As universidades, após investimentos milionários, contemplam seu campus vazio e um portfólio ultrapassado de cursos. O mercado compra solução, pessoas que sabem resolver bem e rápido têm colocação garantida.
A sociedade, a cada dia, aprende e busca entender sobre a vida híbrida. O dólar caindo desperta os investidores externos, enfim o Brasil volta a estar no pipeline internacional. E nós – brasileiros – no tobogã, um tanto quanto enjoados, entre o que nos motiva e o que nos trava. Mas, no final do dia, temos pouco para comemorar, estamos marcados pela dor. O Brasil tem apenas 45 cidades com mais de 500.000 pessoas. Isso significa que a 46ª cidade do Brasil é o cemitério. Apenas quando sentimos o cheiro da morte despertamos para o valor inestimável do tempo vida.
SOS, qual o novo código? Os conselheiros de administração olham para o horizonte e se perguntam: para onde deveremos sugerir que a empresa se dirija? Há quem diga que essa bolha de consumo é temporária, já outros profetizam como o boom do século.
A verdade é que os salários não crescem no mesmo ritmo dos preços. A segunda verdade é que cada vez temos menos empregos, e o trabalho informal não gera segurança para assumir compromissos de longo prazo. Qual o futuro do meu negócio? Qual o futuro da minha profissão? Qual a narrativa para convencer alguém a comprar uma “commodity” quando passamos a ter infinitas possibilidades ao nosso alcance para comprar algo único, por menos? Nunca tivemos tantas perguntas.
Nunca as respostas foram tão rasas e evasivas. Crise de conhecimento com utilidade prática, somada ao convívio prolongado com a dor, trouxe índices alarmantes de depressão, estresse, divórcios e suicídios. Cautela. Nevoeiro na pista, tensão nas corporações, medo nas ruas. O trauma é real, não será resolvido com aspirina, e sim com muita consciência, coerência e consistência. É hora de despertar para um mundo novo. Escute com atenção, observe os sinais, reconheça o novo código, para só então começar a propor.