Liderar é um verbo exigente. Ele nos obriga a olhar para fora e para dentro de nós mesmos. Em tempos de mudanças aceleradas, em contextos imprevisíveis, a liderança deixou de ser uma competência profissional e se tornou uma manifestação do nosso modo de existir no mundo.
A pergunta que proponho hoje não é sobre métodos ou ferramentas. É uma pergunta bem pessoal, de consciência: a sua maneira de liderar é para se encaixar ou para transformar?
Há ainda lideranças que buscam se adaptar ao que já está posto, manter estruturas, agradar aos sistemas, reproduzir padrões. Essa é a liderança que “se encaixa”. Polida, eficaz, funcional. Mas também conformada, às vezes silenciada, quase sempre distante do seu potencial transformador.
O outro modelo é a liderança “que incomoda”, que questiona, provoca e, muitas vezes, caminha contra a corrente. É a liderança que nasce do incômodo criativo, do desejo autêntico de ver e fazer diferente. Ela é menos sobre agradar e mais sobre despertar. Menos sobre reproduzir e mais sobre evoluir.
Liderar para transformar exige coragem. Coragem de olhar para o que não está funcionando. De sustentar conversas desconfortáveis. De abrir mão do controle e dar espaço para a cocriação. De sair do campo das certezas e ir para o campo das incertezas. Estar sempre buscando responder: … e por que não…
A liderança transformadora é, acima de tudo, um ato de coerência interna. Ela nasce do alinhamento entre o seu pensar-dizer-sentir-agir. Como bem disse Gandhi, “seja a mudança que você quer ver no mundo”. E isso, no ambiente corporativo, significa viver o PROPÓSITO, os VALORES que tanto são pregados nos discursos institucionais.
Empresas que desejam inovar, reter talentos e se perceberem relevantes no futuro precisam urgentemente de lideranças que ousem transformar, ousem ser visionárias, mesmo dentro desse mundo imprevisível. E isso passa pelo paradigma: o líder que escuta, que aprende, que cocria com todos os stakeholders e, principalmente, com a equipe. Que lidera pelo exemplo, de onde vem sua força, e não pelo organograma hierárquico.
Transformar não é desorganizar por vaidade. É reorganizar com significado. É trazer sentido para as relações, para os processos e para as metas. É olhar para o coletivo sem perder a inteireza do humano.
Então, deixo aqui uma reflexão: se, hoje, você não tivesse que agradar a nenhum padrão, nenhum sistema, nenhuma expectativa externa… como você escolheria liderar?
Meu convite é para que você, líder, empresário, gestor, educador, cocriador, se observe com coragem, sinceridade e humildade. Porque é na escuta e no diálogo consigo mesmo que começa toda a verdadeira transformação.