Por que fingir propósito pode ser ruim — mas também pode abrir caminho para mudanças reais.
Tudo é fake.
Todo mundo mente nas mídias sociais.
Não sei mais no que acreditar.
Vivemos no mundo das informações pelo WhatsApp e Instagram.
Com certeza, caro leitor, ou você já ouviu alguém dizer frases como essas, ou já foi invadido por esse sentimento. Vamos ir mais a fundo num assunto que afeta todos nós: as questões socioambientais.
No universo corporativo, temos uma lista crescente de “washings*”:
- Greenwashing: finge compromisso com a sustentabilidade ambiental, mas, na prática, pouco ou nada é feito.
- Social Washing ou Woke Washing: empresas se dizem comprometidas com causas sociais apenas como estratégia de marketing.
- Purpose Washing: negócios que adotam propósitos bonitos apenas para atrair consumidores e talentos.
- Mental Health, Impact, ESG, Edu, DEI Washing: campanhas sobre saúde mental em ambientes tóxicos; empresas que dizem gerar impacto positivo sem métricas; relatórios ESG produzidos só por obrigação; programas educacionais vazios; e discursos de diversidade sem ações concretas.
Acredito que você já ouviu, leu a respeito ou até trabalhou em alguma empresa com essas características. Existem inúmeros exemplos — e até documentários na Netflix sobre o tema.
Vocês não estão aqui para ler nem se informar mais ainda sobre o assunto. O propósito deste texto é convidar à reflexão sobre os possíveis efeitos colaterais positivos da cultura do faz de conta.
Como assim, benefícios em meio à mentira e hipocrisia?
Eis o ponto: nem tudo é 100% ruim.
Pressão gera ação
Muitas empresas que começam fingindo sentem a pressão de consumidores, mídias e colaboradores. O discurso cria uma abertura para a cobrança.
Causas ganham visibilidade
Mesmo que por oportunismo, temas ambientais e sociais passam a estar no centro do debate público.
Mais vigilância e controle
O aumento do washing acelera a criação de mecanismos de monitoramento, selos, certificações e auditorias sociais.
Porta de entrada para mudanças reais
Algumas empresas começam pelo marketing e, com o tempo, são convencidas — ou obrigadas — a investir de verdade na causa.
O washing não é ético nem ideal, mas pode ser o catalisador de mudança, especialmente quando a sociedade está atenta e cobra coerência.
Dois pontos finais:
- Sim, há aspectos positivos, mas o tempo é curto. Faça sua parte cobrando das empresas, comprando com consciência e só quando realmente necessário.
- Se você já atua para promover mudanças reais, lembre: atacar de frente quem ainda não entendeu ou acredita que isso tudo é “briga política” dificilmente funciona. Caminhe pelo diálogo, pela troca e pela educação.
Bora fazer nossa parte para um mundo melhor?
*Washings são estratégias de marketing utilizadas por empresas, marcas ou instituições para aparentarem engajamento com causas sociais, ambientais ou éticas — sem, de fato, adotarem ações concretas ou estruturais.
É uma forma de “maquiar” a imagem, utilizando discursos bonitos e campanhas convincentes, mas com pouca coerência entre o que se comunica e o que se pratica.