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A felicidade costuma ser celebrada como um combustível da vida, mas cada um tem uma versão própria de seu significado. Isso porque a sua interpretação pode variar conforme cada trajetória, expectativa e desejo. Mas podemos dizer que algumas coisas – em tese – parecem nos deixar mais satisfeitos, completos e felizes: ter saúde física, emocional, financeira e uma boa rede afetiva. Mas, e quando levamos esse conceito ao mundo do trabalho? Como fica?

Cada vez mais, temos acompanhado conversas sobre essa relação. Percebo que, desde a primeira vez que ouvi falar de felicidade corporativa em um evento, o mercado nunca mais abandonou o tema. Não à toa, há novos cargos nas empresas, como Diretor de Felicidade, novos cursos focados na pauta e debates crescentes.
Para mim, esse interesse geral tem motivo certo: as pessoas estão buscando compreender melhor a participação do trabalho em suas vidas e como ele influencia sua felicidade. Nesse horizonte, ingredientes como reconhecimento, valorização e pertencimento ganham relevo.

Para falar dessa questão, recorro ao filósofo Aristóteles. Em sua visão, a felicidade (Eudaimonia) seria o pleno desenvolvimento das virtudes e a realização do potencial humano, não apenas num momento passageiro, mas duradouro e alcançado ao longo da vida pela prática do bem e da razão. Atentem-se quando ele fala sobre a necessidade de praticarmos o bem e a razão. Eu me ancoro nessa ideia!

Atualmente, atuo em uma indústria supercompetitiva e, para alguns, isso poderia soar estranho: como ser feliz em um trabalho de grande competição? O importante é fazermos escolhas conscientes e coerentes, como a que tomei quando decidi voltar ao mundo corporativo após anos no Terceiro Setor. Quando você sabe o chão que pisa e tem clareza de onde navegará, tudo tende a funcionar e fluir mais e melhor.

Pensando em equipes, é impossível conseguir pessoas engajadas, que disponibilizem o seu melhor no dia a dia e gerem resultados positivos sem um ambiente favorável e acolhedor. Precisamos observar continuamente nossos times, gerando sentimento de pertencimento, alinhando as regras do negócio com propósito e atenção plena às pessoas.

A questão da segurança psicológica dos trabalhadores também é determinante para mantermos ambientes saudáveis, colaborativos e que potencializem o que há de melhor em todos. A sanção da Lei nº 14.831/2024, que instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Emocional, pode ser um bom estímulo para que mais e mais organizações priorizem a felicidade no trabalho.

“Em casa”

Muito antes de esse assunto ganhar projeção, eu já pensava sobre isso. Nunca consegui respeitar muito a sobreposição das pessoas pelo lucro. Acredito sempre que trabalhadores com ânimo e entusiasmo pelo que fazem, naturalmente, nos levam a resultados relevantes. Por isso, no Grupo Rotele, decidimos sacramentar o que queremos em nosso mapa estratégico. E o que é esse desejo? Construir um ambiente de trabalho em que as pessoas se sintam felizes, reconhecidas e valorizadas, promovendo segurança, desenvolvimento e um forte sentimento de pertencimento ao grupo.

Na prática, essa atuação está pavimentada em oportunizar o diálogo sincero, escutar e dar acolhimento franco, estabelecendo um ambiente de confiança que nutra a qualidade de vida. Contudo, penso que cada empresa deveria adaptar as iniciativas de felicidade às especificidades de suas equipes e indivíduos. Não há fórmula pronta nem solução genérica.

Por conta de nosso poder de influência e da tomada de decisões, também acredito que as lideranças precisam se desafiar mais. Deixo algumas perguntas aqui para todos nós: como podemos contribuir mais para a felicidade das pessoas com quem convivemos tantas horas na vida? Ainda que o conceito de felicidade tenha mil interpretações, é possível melhorar a qualidade de vida de nossos colegas? Como podemos integrar mais esse conceito em nossas estratégias empresariais de forma significativa? Quanto tempo do seu dia você destina para ouvir seus liderados, oportunizando uma conversa franca e sincera?

Gostaria muito de saber como você está trabalhando a felicidade em sua organização, pois somente compartilhando as nossas experiências é que aprimoraremos o nosso processo de gestão e tornaremos nossas empresas sustentáveis. Conto com você!

Um comentário

  • Excelente José, obrigado pelo texto! Aprendi com ele. Na Leão PI temos muito a evoluir ainda, mas o que ja fazemos é ter um setor de RH com psicóloga empresarial e além da escuta ativa, diversas iniciativas de confraternização, trabalho presencial (4 por 1 remoto), temos um sino que é batido sempre para alguem compartilhar uma vitória (seja técnica, educacional, atendimento, comercial…). Mas tudo isso so funciona com persistência e dedicacao porque é muito fácil ceder ao “não adianta, pessoal não gostou”, enfim, somos responsáveis pelos profissionais que lideramos e essa deve ser uma das maiores felicidades de um líder. Mais uma vez, muito obrigado pelo teu belo texto! Um forte e fraterno abraço.

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José Alfredo Nahas

Administrador de Empresas com pós-graduação em Desenvolvimento Comunitário pela Universidade de Lisboa e no Programa Avançado em ESG pela Escola de Negócios Saint Paul. Mais de 30 anos de carreira com passagem pelo Terceiro Setor e mundo empresarial. Após iniciar a sua carreira na AMBEV, como gerente comercial, atuou por 20 anos na ONG Parceiros Voluntários, tornando-se superintendente e liderando a equipe executiva, com report direto para o presidente do Conselho de Administração. Desde abril de 2024, ao aceitar um convite para retornar à AMBEV, assumiu a Diretoria de Gente e Gestão do Grupo Rotele, empresa responsável pela comercialização e distribuição da Cervejaria na cidade de Campo Grande (MS) e região.