Todos nós somos frutos de um processo de construção de referências e experiências. Personagens de sucesso sempre estão sobre os ombros de alguém. Se avaliarmos sobre os ombros de quem a ONG Parceiros Voluntários está, é impossível não ver a 2de Humberto Maturana, intelectual chileno que nos deixou na quinta-feira (06), aos 92 anos. Tanto é que nas edições de 2006 e 2008 do seminário internacional Pare e Pense, realizado pela ONG, Maturana foi um dos destaques das programações.
A partir de provocações como “que ser humano queremos para o século XXI?”, o autor da concepção filosófica da matriz biológica da existência humana compartilhou insights e perspectivas que se tornaram baluartes na história da instituição. Anos antes de termos como “transparência” e “cocriação” invadirem os espaços de gestão e tomada de decisão, Maturana já dividia com seu público ideias que são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa.
Existem várias maneiras de se relacionar entre as pessoas, inclusive as que se estruturam como sistema de autoridade. Há a relação direta de ordem e obediência, assim como uma relação de reunião de indivíduos e movimentos independentes que não afetam seus pares. O que Maturana destaca é a assertividade e o potencial que há nas relações de interação e cocriação. Não mais a dinâmica de autoridade e subordinação, mas, sim, a conversa resultado de um processo de convite e reflexão para ações em colaboração.
Isso nos dá a possibilidade de exercer nossa individualidade e, a partir da compreensão, reunir esforços para encontrar soluções coletivas de impacto — quer seja na Iniciativa Privada, Poder Público ou Terceiro Setor. Esse processo acontece numa dinâmica de co-inspiração. Não há uma relação de autoridade a fim de evitar uma dispersão, mas, sim, estamos fazendo algo juntos a partir da diversidade de contextos e pluralidade de motivações. Por fim, a mudança basilar na forma de nos relacionarmos tem potencial para transformar com sucesso o objetivo pelo qual estamos juntos. Aonde quer que ele esteja, Maturana para sempre nos acompanhará.
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