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Disrupção é o novo normal — mas sem sustentabilidade econômica, nenhuma organização resiste para enfrentá-la.

Durante o 26º Congresso do IBGC, o economista Pavan Sukhdev afirmou que estamos ingressando em uma era em que a disrupção se tornou permanente.
Inteligência artificial, instabilidade geopolítica, novos contratos sociais, riscos à saúde do planeta e ameaças à saúde humana formam um quinteto de forças que testará a resiliência de governos, empresas e organizações da sociedade civil.

Diante desse cenário, há um ponto que raramente é dito com a mesma ênfase: sem sustentabilidade econômica, nenhuma estratégia resiste.
Quando as contas não fecham — e o caixa seca —, o pensamento estratégico cede lugar ao instinto de sobrevivência. O planejamento de longo prazo, o investimento em inovação ou mesmo as agendas ESG tornam-se reféns do curto prazo.

Não se trata de desqualificar os temas disruptivos, muito menos de relativizar o compromisso com o planeta e com as pessoas.
Trata-se de lembrar que a sustentabilidade financeira é condição para sustentar todas as demais. Assim como o oxigênio para o corpo humano, o lucro — ou o superávit — é o que garante que uma organização possa respirar, refletir e agir com propósito.
Sem ele, qualquer empresa, ONG ou governo entra em colapso fisiológico.

Viveremos tempos de “tempestades perfeitas”: pressões tecnológicas, sociais e climáticas que exigirão de líderes e conselhos uma disciplina quase obstinada para preservar o essencial.
Como alertou Sukhdev, a governança pode — e deve — guiar e manejar a organização no processo de disrupção. Mas, para isso, precisa priorizar o que é crítico para sua sobrevivência.

O autor Jim Collins, em Vencedoras por Opção, mostrou que as empresas que prosperaram no caos combinaram disciplina fanática, paranoia produtiva e criatividade empírica — sempre movidas por uma ambição que transcende o trimestre seguinte.
O lucro, nesse contexto, não é o objetivo final, mas o combustível da jornada.

Em um mundo de mudanças exponenciais, cuidar da saúde financeira não é uma escolha — é responsabilidade.
Sustentabilidade não se opõe a resultado; ela depende dele.

Afinal, quando a água bate no pescoço, a estratégia vai pelo ralo.

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Daniel Santoro

Daniel Santoro é Conselheiro de Administração certificado pela Harvard Business School e pelo IBGC (CCA+). Atua em conselhos de empresas privadas, públicas e do terceiro setor e é fundador da Santoro & Partners, consultoria em Governança, Estratégia e Liderança.