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Algumas semanas atrás, enquanto passava pela timeline do meu LinkedIn, um padrão me chamou a atenção: a felicidade “forçada” de fotos e textos corporativos, onde a falta de genuinidade chega a saltar da tela.

Isso me levou a uma reflexão correlata a um tema que permeia a grande maioria de meus textos aqui no Dynamic Mindset: ter a realidade objetiva como fonte de informação e evitar todos os desvios/fugas que acabamos encontrando nos outros, mas principalmente em nós mesmos.

Um desses desvios eu chamo de “ruído”, que seriam distrações em nosso dia a dia que nos afastam da realidade e atrapalham basicamente qualquer tomada de decisão.

A analogia é perfeita, bastante usada em outros idiomas como noise. O paralelo é com aquela sensação de:

  • Você precisa tomar uma decisão importante e seu vizinho resolve fazer uma obra, seu cachorro começa a latir, duas pessoas na rua resolvem discutir gritando e, em algum canto, alguém começa a ouvir uma música de gosto duvidoso em volume 11 (bendito seja o inventor da tecnologia de supressão de ruídos em fones!).

Considero o ruído como uma corda com duas pontas, uma tão perigosa quanto a outra.

De um lado, o “ruído” negativo, por exemplo: fofocas, loopings negativos de reclamismos e vitimismos, desespero, emoções à flor da pele, jogos de poder e ego, preocupar-se muito com direitos e pouco com deveres, excluir-se de responsabilidades e tantos outros “mimimis” que, se não ficarmos vigilantes, nos tiram completamente de um caminho claro na exatidão da ação.

Do outro lado, pouco se fala do oposto: o “ruído positivo”, que inclui toda positividade exagerada, toda máscara corporativa desmedida, toda felicidade forçada, toda vez que se joga algo para baixo do tapete para evitar um conflito, uma real resolução. Esse comportamento é o mais difícil de sobrepor, pois ele é estimulado e recompensado (além de ser imposto em alguns casos através de cultura de medo ou por algum desejo de pertencimento).

A escassez de profissionais que mantenham a sua individualidade genuína como diferencial competitivo é cada vez mais clara, onde um copy + paste colorido por uma Gen AI gera profissionais que parecem ter saído de uma esteira de produção em massa, à la clipe Another Brick in the Wall, do Pink Floyd.

Uma outra perspectiva sobre o ruído é tratar do ruído externo (positivo ou negativo tratado até aqui) ou do, potencialmente ainda mais prejudicial, ruído interno, onde o desvio é gerado por nossa própria mente (seja de forma consciente ou inconsciente) e leva a processos de autossabotagem.

Mas como assim autossabotagem? Por qual razão eu tomaria ações que prejudicam a mim mesmo?

As razões podem ser muitas, normalmente relacionadas a “verdades” enraizadas e não questionadas em nossa vida que acabam tendo um efeito alienador em nossas decisões (como ideologias, fanatismos, religiões, relações familiares/afetivas/amizades, aspectos culturais/convenções sociais, dentre outros), ou o fato de nossa mente, às vezes, buscar o conforto e o racionamento de energia de forma desproporcional.

Como quem quer emagrecer, mas decide comer aquela porcaria e faltar ao treino.
Como quem quer independência e ainda mora com os pais.
Como quem quer melhorar financeiramente, mas gasta mais do que ganha.
Como quem quer um bom relacionamento, mas seguidamente se envolve com pessoas tóxicas.
Como quem quer uma vida profissional de sucesso, mas engata uma formação acadêmica atrás da outra com medo de enfrentar o mercado de trabalho.
Como quem acredita que algum tipo de justiça universal lhe proverá a realização de seus sonhos e desejos sem que precise ir atrás, ou simplesmente porque “acha que merece”.
Como quem acha que resultados do passado garantem resultados do futuro.
Como quem acha que “amanhã tudo se resolve”, acreditando que o amanhã nunca chega.

E tantos outros “socos no estômago” que aceitamos fazer vista grossa ao longo de nossa vida.

O objetivo aqui não é apontar o dedo, pois cada um tem suas escolhas e todos estamos longe da perfeição… mas sim ressaltar a máxima de que a realidade é o que ela é e não o que você gostaria que ela fosse. Ações levam a consequências de forma fria e direta, quer você queira ou não.

O que fazer então?

O principal sempre se resume a voltar para a realidade e para um conhecimento de si mesmo, focando em fatos, evitando ruídos em uma espécie de justa medida aristotélica, onde possamos utilizar a nosso favor o jogo posto, mas nunca perdendo aquilo que é único, verdadeiro e genuíno em mim.

Mas como posso ser autêntico se não me conheço direito? Se não sei responder qual a minha escala de valores, qual o meu projeto de vida, quais são minhas virtudes e minhas sombras? Como posso ambicionar um desenvolvimento de um potencial pleno se não tenho ideia de quem sou e do que posso ser?

O medo de “ser você mesmo” também pode estar embasado no desejo de evitar a frustração de: “E se eu não for bom o suficiente?”. E, por isso, copiar os outros é menos arriscado. Porém, isso te leva até o mediano, nunca até o topo de seu potencial pleno.
E se você ainda não é tão bom quanto gostaria, que isso sirva de gatilho e incentivo para que você venha a ser.

Alguns insights sobre este ponto:

  • Relaxe, você pode ser você mesmo, desde que saiba quem você é.
  • Aprenda e evolua sempre e constantemente, desde que entenda que repetir modelos externos é o que faz um papagaio. Absorva o conhecimento para evoluir seus modelos internos.
  • Entenda o jogo, faça o “woohoo” na hora da foto na confraternização da empresa, se achar que isso irá lhe beneficiar; porém, quando sentir que algo precisa ser resolvido, precisa ser resolvido e ponto.
  •  Desperte a ambição em relação ao seu potencial máximo e entenda que só você pode trilhar o caminho até lá.
  • Já temos tantos desafios externos ao longo de nosso caminho; tente não ser o seu maior inimigo.
  • Ao mesmo tempo que você entende a felicidade como fim último da ação humana e alcançável através da virtude, entenda que ninguém além de você mesmo é responsável por sua felicidade.

“We can ignore reality, but we cannot ignore the consequences of ignoring reality.”
Ayn Rand

Entender que, em época de conteúdo pasteurizado e genérico (e aqui nem estou botando a culpa na coitada da Gen AI, que acaba sendo só um instrumento para propagar a falta de autenticidade evidente em nossa cultura), onde todos são especialistas em tudo, mas não entendem de nada, onde eu finjo estar em um podcast para gravar o vídeo sem ninguém do outro lado… autenticidade é ouro. Foco na realidade objetiva é ouro. Identificar desvios, distrações, é ouro. Ter você mesmo como critério é ouro.

Os ruídos vão continuar, não é algo que possamos controlar.
Sejam esses ruídos vindos do ambiente profissional, pessoal ou até mesmo peças que a nossa mente nos prega diariamente.
Nos resta estar alerta.
Nos resta manter um autopolicamento e consciência sobre o tema.

Que esta provocação e dicas lhe ajudem a encontrar o fio condutor que ordenará os ruídos de sua vida, transformando-os em uma bela música.

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Felipe Neto

Apaixonado por Inovação, Música e filosofia sou um entusiasta de ideias inspiradoras e reflexões que levem ao desenvolvimento do indivíduo e sociedade. Formado em Administração e pós graduado em Gestão de Negócios, atuo com Tecnologia e Inovação desde 2011 como Consultor de soluções.