Os tempos atuais exigem que tenhamos uma postura diferente sobre praticamente todos os temas da nossa vida. A primeira coisa que penso ser importante é olhar cada vez mais para a frente, o futuro, do que para o passado. A segunda é pensar nas soluções mais do que nos problemas.
Nesse futuro, percebemos cada vez com mais intensidade o aspecto tecnológico sendo preponderante, dominando as discussões e tornando-se decisivo. Isso assusta e nos coloca diante de uma dependência cada vez maior das novas tecnologias. Às vezes me pergunto: se os celulares pararem de funcionar, se a web perder o sinal e se a eletricidade acabar, o que será da humanidade? Nem cavernas para todos teremos, mas certamente a maioria de nós não sabe fazer fogo, cultivar a terra ou qualquer outra coisa que desaprendemos em nossa recente civilização. Nossa dependência tecnológica aumenta cada vez mais, e precisamos ter uma nova visão sobre isso.
Hoje temos, de um lado, a realidade virtual, inteligência artificial, engenharia de dados, microeletrônica, automação, robótica, conectividade e nanotecnologias; de outro, começam a ganhar força as interfaces mais humanizadas, a valorização da criatividade, da imaginação e o uso das tecnologias. Temos aí uma encruzilhada que nos leva a algumas tomadas de decisões importantes e, nesse momento, surgem ideias inovadoras. É o caso de muitos pensadores, alguns chamados de futurólogos, que procuram interpretar as tendências globais e montar cenários pelos quais a sociedade deve andar nos próximos anos.
Em um mundo de infinitas variáveis, torna-se cada vez mais difícil prever. Nossa civilização tornou-se imprevisível e instável, um local de disrupção e de alto estresse social, mas algumas pistas e sinais são evidentes. Andamos na direção de uma sociedade onde deverão ser muito valorizados os aspectos humanos e o propósito, ao mesmo tempo em que se trava uma luta entre a vigilância digital e a privacidade individual.
Aqui temos um grande nó: a disseminação das tecnologias de comunicação e as redes sociais nos apresentou a um mundo onde cada vez mais precisamos de proteção de dados individuais, além da necessidade de organizações com mais confiança. Existe um forte sentimento de que precisamos realinhar a sociedade e a natureza e valorizar o aspecto social do comportamento humano. Nesse sentido, a tecnologia continua sendo extremamente significativa, mas ela deve ter a capacidade de valorizar as pessoas, sem ser uma nova religião nem nos tornar tecno dependentes em um mundo de permanentes e aceleradas mudanças e de incrementos tecnológicos.
Para sobreviver e construir um mundo diferente e melhor, teremos que ter a habilidade e a competência de valorizar a inteligência social e emocional, uma vez que o futuro não apresenta sinais de que será um tempo de calmaria, mas sim um ambiente cada vez mais complexo. Para isso, o que nos trouxe até aqui é o que nos levará adiante: a capacidade humana e a inteligência.
Para esse avanço, precisamos investir muito mais em educação, torná-la de fato relevante e significativa na vida das pessoas, organizações e nações.
Com o conhecimento que acumulamos em nossa civilização, temos uma oportunidade de viver uma experiência única na história. O mundo gira mais rápido e nos obriga a permanecer muito pouco tempo no ponto de conforto, assumindo novas atitudes frente a essas mudanças. Nessa aceleração tecnológica global, a educação não pode continuar a seguir um ritmo lento de mudanças ou esperar na longa fila das prioridades da sociedade. Ao contrário, ela deve liderar esses processos e sinalizar que, através dela, construiremos o futuro. Isso não é um sonho idealizado de um mundo perfeito ou de um educador idealista; é uma necessidade real, pois nenhuma sociedade prosperou e se manteve dinâmica sem investir em educação, ciência e na geração de conhecimento.
Valorizar a educação também passa por uma reflexão interna dos seus atores, como, por exemplo, repensar os ambientes de aprendizado, que necessitam sofrer profundas transformações. Eles devem deixar de ser locais apenas de reunião de pessoas e se transformar em ecossistemas que possibilitem o desenvolvimento individual, de habilidades e competências, articulados com o mundo do trabalho e a sociedade. Esses ambientes educacionais devem ser atrativos para que sejam valorizados pelos alunos e pela sociedade, diferentemente do que ocorre na grande maioria das vezes.
Além disso, os educadores e a sociedade devem refletir profundamente sobre suas responsabilidades e responder a alguns questionamentos fundamentais, como: o que esperamos que a educação faça pela sociedade? Qual é o papel dela na sociedade do futuro? É necessário esse engajamento para que a educação esteja nas prioridades e possa ser percebida como impactante em nossa vida. Não se trata apenas de recursos ou verbas, mas sim de a educação estar no centro de um processo de desenvolvimento humano, social, científico, econômico e tecnológico.
Atualmente, conhece-se o valor da educação, mas não se reconhecem seus impactos e sua capacidade transformadora. Isso nos trava nos processos de desenvolvimento, pois acabamos valorizando modelos tradicionais e ultrapassados. Temos medo de avançar; o desconhecido nos incomoda, especialmente se não nos apropriamos das mudanças que estão ocorrendo em outras partes do mundo e que são alavancadas pela educação. A mudança assusta: surgem novas maneiras de enxergar um mundo que nem sempre dominamos, especialmente com o uso intensivo de metodologias e tecnologias e a busca pela excelência e equidade.
Precisamos ativar a educação de forma urgente, prioritária e diferenciada, uma ação que traga estímulo ao aprendizado, à colaboração entre as pessoas, um forte aporte de tecnologia, suporte aos professores e a criação de um ambiente onde o conhecimento não seja meramente reprodutivo e estático, mas criativo e dinâmico.
A educação deve preparar para a vida, para o mundo do trabalho e para criar condições de alavancar um desenvolvimento nacional sustentável do ponto de vista de recursos humanos. Para isso, é muito importante pensar na formação diferenciada dos professores, criando atratividade para a carreira e uma formação sólida e compatível com a sociedade do século XXI. Além disso, é preciso olhar para o aluno e entender que é necessário criar condições mais favoráveis não apenas ao acesso, mas também à permanência dele nas escolas e universidades.
Com a educação, toda a sociedade ganha. Ela é para sempre.
Parabéns pelo primeiro artigo no DM Prodanov
Muito bom te ler aqui
Concordo plenamente.
Cristian Cavalheiro
Pres +PraTi
Ótima reflexão sobre o papel do ser humano numa sociedade cada vez mais cibernética e complexa. E nada mais verdadeiro do que entender que o homem, sempre o homem, é o guia da nossa civilização. Afinal de contas: “…o que nos trouxe até aqui é o que nos levará adiante: a capacidade humana e a inteligência.”
Parabéns pelo artigo