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Com o amadurecimento do tema Governança no Brasil, temos, cada vez mais, a presença de conselhos nas mais diversas instituições, sejam elas no setor público, em empresas ou mesmo em organizações sem fins lucrativos.

Os conselhos são caracterizados por serem órgãos colegiados, nos quais a interação entre pares se constitui na essência para uma boa análise e investigação que, conjuntamente, deverá resultar na formação de uma opinião consistente e que permita tomar uma decisão informada, refletida, responsável e alinhada ao propósito da organização.

O profissional que busca migrar de uma carreira executiva para o desafio de compor um órgão colegiado precisa incorporar e desenvolver novas competências. Parte importante dessas competências técnicas e conceituais será encontrada em uma boa formação em governança corporativa. Além disso, é fundamental desenvolver competências comportamentais adequadas à nova função.

Essas competências comportamentais, usualmente chamadas de soft skills, não são triviais de serem desenvolvidas, pois demandam uma profunda revisão e reconfiguração na forma de pensar e agir.

Provavelmente, a principal competência a ser desenvolvida seja a escuta. Uma escuta ativa, presente, interessada e, principalmente, desarmada. Ainda que nossos vieses estejam sempre presentes e que as preferências ou antagonismos pessoais estejam vibrando em nós, precisamos buscar em nossa consciência uma postura de curiosidade para escutar o que o outro está buscando comunicar.

Essa escuta qualificada envolve atenção plena ao interlocutor, buscando compreender não apenas as palavras, mas também as intenções e emoções que estão por trás da mensagem. Para praticar a escuta ativa, é necessária a intencionalidade de afastar nossos julgamentos, criando um espaço de confiança onde todos se sintam seguros para expressar suas opiniões e preocupações, para discordarem com respeito, criando-se um ambiente de colaboração.

Vários benefícios advêm da prática da escuta atenta nos conselhos, como, por exemplo, a melhoria na comunicação, com a prevenção ou resolução mais rápida dos conflitos; criação de um ambiente para a inovação, para que ideias inovadoras floresçam, o que é fundamental para a evolução da empresa; fortalecimento da reputação da empresa, já que os stakeholders internos e externos tendem a perceber quando existe uma cultura de escuta real dentro da empresa, que valoriza de forma ética e respeitosa as demandas vocalizadas.

Em um cenário onde a inovação e a adaptabilidade são exigências constantes, a prática de escutar de forma genuína e empática é um diferencial estratégico. Ao aplicar essa prática no dia a dia, as empresas se posicionam para enfrentar os desafios do futuro com maior resiliência e sensibilidade.

Por:

Valéria Santoro Mediadora de Conflitos e Facilitadora de Diálogos

Daniel Santoro Conselheiro de Administração

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