Em um certo momento de minha vida recebi um convite de um grande amigo e mentor para prestigiar o lançamento de um livro em Porto Alegre chamado Dynamic Mindset – ideias instigantes que transformam.
Já na apresentação de alguns Mindsetters, como são chamadas as pessoas que participam e escrevem no portal, ao se apresentarem no palco do Instituto Ling, logo vi que se tratava de uma abordagem bem diferente daquelas que estamos acostumados e isto muito me motivou.
Por isto, há uns dias atrás, quando recebi a provocação de escrever algo para o portal vinculado a carreira profissional e como avançar no mercado de trabalho contemporâneo, decidi me arriscar um pouco mais e compartilhar com vocês este texto.
E para iniciar, conto um pouco sobre minha trajetória e os contextos que me permitiram chegar as conclusões que apresentarei ao final deste artigo.
Bem, comecei muito jovem em um fábrica de calçados como operário.
Logo o dono da empresa viu que eu podia desempenhar um pouco mais e me colocou no final da linha. Passei a ser o último a colocar a mão no calçado antes de ir ao mercado. O próximo seria o vendedor da loja ou o cliente. Era um trabalho árduo, sujo de fazer. Mas o fazia com esmero e dedicação. E em paralelo, sonhava em avançar. Eu tinha muita vontade de trabalhar em um escritório, achava que era o meu caminho.
Minha mãe, que não entendia nada de carreira ou mercado de trabalho, me disse na época: “ideal é trabalhar em empresa que faz propaganda no rádio, pois só as maiores o fazem”.
Fiquei pensando naquilo e avaliando como aproveitar a sugestão.
Eis que um amigo me indica para o escritório do grupo Ruaro em Farroupilha/RGS. Eles eram, em 1978, uma das maiores empresas da região, com negócios em várias áreas do comércio (e esta empresa patrocinava o jornal mais ouvido na época ao meio dia, bem dentro dos conselhos recebidos em casa… 😊 ).
Passados alguns anos, um empresário que eu visitava constantemente para atender como cliente me convidou para trabalhar com ele.
Era uma indústria de porte médio. Demorei mais de um ano para me definir pois pagava menos, mas apresentava uma oportunidade importante de crescimento para mim.
Na época eu estava com 22 anos e havia parado de estudar no colegial pois não conseguia mais pagar a faculdade.
Aos 25 anos, agora já como Gerente Administrativo Financeiro, meu chefe me chamou para conversar e falou “se voltar aos estudos, eu te pago 50% da faculdade, pois você tem futuro se estudar”.
Lá fui eu para a UCS, em Caxias do Sul/RS.
Fiz a faculdade no tempo oficial, pois fazia 5 cadeiras por noite.
Era puxado mas, me permitia crescer e aprender.
Quando conclui a Faculdade, a UCS tinha acabado de lançar a primeira Especialização em Finanças, principalmente focada para os professores da instituição. Lá vou eu de novo e desta forma tive a oportunidade de estudar com vários professores do curso de Administração.
Concluída a especialização, fui convidado imediatamente para lecionar no núcleo de Farroupilha que estava abrindo. Lá fui eu abrir novas portas e possibilidades.
Chegamos então em 1995 e novamente um convite me levaria a novas oportunidades. Era um chamado para ser Gerente Administrativo, agora de uma das maiores empresas de varejo do Brasil na época.
E a trajetória continuava forte.
Dois anos depois e já na nova empresa, passo a cursar um novo Pós em Gestão, na FGV, no qual concorri com muitos candidatos por vaga para poder cursar. Naquela época era assim, havia um processo seletivo forte. Acabei sendo selecionado e terminei a formação em 1998.
Neste mesmo ano recebi um novo convite. Agora era para trabalhar em uma empresa de Guarulhos/ SP.
Refleti um pouco e aceitei o desafio.
Ainda lá, mais qualificações.
Fiz um pós em Controladoria e outro de Gestão estratégica.
O ano agora é 2007.
Retorno a Farroupilha e a empresa que havia me desligado em 1998.
Os negócios deste varejista tinham crescido muito e sou convidado para o cargo de Diretor Administrativo e Financeiro.
Como sempre, em busca de mais qualificação, neste mesmo ano o IBMEC abriu curso de Finanças em Caxias do Sul.
Vocês já imaginam né? Lá fui eu de novo aprimorar meus conhecimentos e adequação ao mercado de trabalho.
Como podem ver, a cada oportunidade que tive a possibilidade de aproveitar fui desenvolvendo e aprimorando minha capacidade de lidar com desafios e possibilidades. E, para isto, fiz sempre um processo em paralelo de formação para poder ir sempre além do que minha formação até então permitia. Fiz disto uma constante em minha vida. Me desafiar e formar sem parar. Sempre percebi uma forma de me destacar e de vencer as inúmeras barreiras iniciais que tive em minha trajetória
Posso dizer então que nos 47 anos em que estive ligado diretamente a empresas sempre fui convidado e provocado para assumir mais e mais desafios.
E foi isto que me ajudou a consolidar minha carreira, minha imagem, meu jeito se ser e fazer.
Esta minha perseguição constante por me qualificar e desenvolver gerou a percepção nas pessoas de que eu era alguém que estava sempre pronto para um desafio maior, para levar a mim e aqueles que estava servindo a um patamar superior ao até então estabelecido
Sou inquieto, vivo, obstinado.
Fechado este contexto todo, decidi mudar minha trajetória de uma jeito radical.
Fiz um ano sabático, com foco em atenção a família, a minha chácara e espaço de conexão com a natureza. Fiquei mais íntimo das minhas ferramentas e coisas que me fazem bem no dia a dia.
Dei uma pequena extrapolada e comprei um Motor Home. Saí viajando por vários lugares e vivendo experiências, conhecendo pessoas e culturas. Adoro isto e tem tudo a ver comigo, já que sou super comunicativo e me entroso fácil.
Nesta parte de minha vida, eis que surgem mais desafios. Agora em outro formato.
Fiz 2 caminhos a Santiago de Compostela. E foi sensacional. Uma incrível conexão comigo mesmo me fortaleceu e me ajudou a pensar os próximos passos.
Na sequência, ajudo a construir e a desenvolver os caminhos de Caravaggio na Serra Gaúcha.
E logo em seguida me chamam para assumir a Secretaria de Finanças de um Município que estava todo enredado em função de ter tido impeachment do Prefeito anterior.
Organizada as finanças ali, uma nova jornada se inicia. Passei a gerir uma cadeia de lojas no interior do RGS, a qual estou vinculado quando escrevo estas linhas.
Posto tudo isto, esta trajetória de quem saiu do nada e se construiu ao longo dos anos, me permite algumas conclusões importantes sobre como lidar consigo mesmo e com o mercado de trabalho, especialmente no atual que é muito mais competitivo do que antes: “estudar o dobro e trabalhar muito”.
Só assim você vai conseguir direcionar a sua carreira e trajetória conforme sua visão de vida e interesses.
Hoje me dou o direito de escolher projetos que fazem sentido para minha vida, para minha existência e essência.
E é assim que pretendo seguir.