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As pessoas tendem a falar mais que escutar, mesmo a natureza tendo nos oferecido dois ouvidos e uma boca. Faz sentido para vocês esta sentença? Percebo esta situação no cotidiano, comigo e com os que me cercam. Perceberam que me inclui neste grupo que deseja falar mais do que ouvir. O que me ajuda a não permanecer nesta turma dos que só querem falar é a atenção constante que tenho em relação aos meus impulsos falantes e expansivos.

Bem, vamos em frente. Por que as pessoas funcionam assim? Os mais apressados vão lançar um olhar crítico com viés moralista. São mal educados! Que bom que fosse um problema de educação. Poderíamos resolver tudo através de um “MOBRAL” coletivo.

Não sou a Pitonisa do templo de Delfos, mas acho que tenho algumas ideias baseadas em observações e acompanhamento de pessoas, em psicoterapia ou mesmo fazendo inserções para lideranças de algumas instituições. Estas dificuldades em escutar e aproveitar os que cruzam nossos caminhos ou mesmo aqueles que buscamos para nos aconselhar, não têm relação com a razão, à lógica ou a educação.

Esta característica permeia o imaginário ou inconsciente de nossas mentes. A ansiedade é um elemento forte para entender esta conduta. O ansioso está sempre pronto para se manifestar com a palavra ou atos. A presença de ansiedade é atávica ao ser humano, mas o problema é a intensidade. Existem transtornos psiquiátricos que são geradores permanentes de ansiedade e vão precisar de ajuda especializada. Pessoas tendem a se angustiar com o não saber ou com o saber do outro. Uma forma mágica, logo inconsciente, para lidar com esta situação ansiogênica, seria desqualificar o conhecimento do outro, não ouvi-lo, questioná-lo baseado em crenças ou contrapor um pensamento, mesmo que ele ainda não tenha sido exposto. Em outras palavras, os traços de personalidade de cada um, será a interface que se colocará nas relações interpessoais. A inteligência, cultura, formação acadêmica, tendem a ficar num segundo plano nestes temas ligados a nossa psique.

Voltando ao templo de Delfos onde estava escrita esta famosa parábola: “ conheça-te a ti mesmo”. Difícil esta tarefa. Vou fazer uma confissão a vocês. Sigo, dia a dia, tentando conhecer-me. Sempre mais um pouco de quem sou e como influencio ou deixo os outros me influenciarem. Talvez, meu projeto psicoeducativo, através de vídeos no YouTube, seminários, escrever um livro, sirva para alertar e abrir caminhos para os outros. Obviamente, também é um alerta permanente para que eu aproveite ao máximo meus interlocutores.

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Nelio Tombini

Médico psiquiatra, CRM/RS 5440, psicoterapeuta, palestrante e autor do livro A Arte de Ser Infeliz - Desarmando as armadilhas emocionais.