Saudades de nós. Fiz esta declaração outro dia a dois amigos. Do que somos juntos, de como eu me sinto quando estou com eles. Existem pessoas que nos reinicializam em um abraço. Ou em um papo gostoso durante um simples café. Ou em confissões sussurradas em uma complexa e profunda taça de vinho. Que nos fazem mais e melhor. E estas pessoas merecem o meu melhor também. Pessoas que transbordam o seu melhor, que sentem uma satisfação genuína pela nossa conquista.
Sabe quando o olho brilha? Puro combustível sustentável. Ah, mas os verdadeiros amigos sempre sentem isso, claro. Pois é, dizem. Mas não é a regra. Quantas vezes compartilhamos uma conquista que nos deixa extasiados e ouvimos do outro lado um “parabéns” morno acompanhado de um sorriso amarelo. Beira ao constrangimento. De genuíno, apenas o esforço em demonstrar uma alegria sufocada por uma frustração real pela nossa conquista. E, muitas vezes, estas reações vem de pessoas que amamos. O que torna tudo mais difícil.
Deveríamos imediatamente exclui-las do nosso convívio? Vida real, ok? Não sejamos radicais, elas simplesmente compartilham o que possivelmente têm de melhor, naquele momento. E com a generosidade de quem compartilha muitas vezes o melhor que tem dentro de si. Quem sabe o que aquele sorriso amarelado guarda?
Mas, cautela com nossa ilimitada capacidade de criar e aceitar desculpas alheias. Para muitos, vale sim uma quarentena, um período de observação. Um limite estabelecido do que podemos enfrentar sem nos lesionar. Importante estarmos cientes que extrapolar este limite nos tornará reféns da comiseração alheia. E que tal falarmos em primeira pessoa? Quantas vezes nossas distorções nos fazem esboçar este sorriso amarelo em relação as nossas próprias conquistas? A não conseguir vibrar com as vitórias que conquistamos. Alias, por quantos anos sonhamos com o que hoje já conquistamos?
A celebração é um adubo que torna a terra mais fértil para que novas sementes germinem mais e nos brindem com frutos ainda melhores.
Fazer as pazes consigo mesmo é necessário. Nos recebermos novamente, de volta pra casa, no aconchego do nosso lar. Quando retornamos para casa, nos tornamos mais seletivos, mais generosos conosco. Aquelas pessoas dos sorrisos amarelos, lembram? Elas se reposicionarão ou, simplesmente, se afastarão porque perderão o que lhes alimenta e irão atrás de mais motivos para expor seus sorrisos amarelos. Trata-se de priorizar a companhia dos que celebram com atitudes e não com palavras polidas e expressões ocas nossa alegria. Trata-se de nos priorizar.
Reduzimos os likes, limitamos as opções para um papo superficial, mas o resultado vale a pena. Generosidade com os que merecem nossa atenção e, em especial, conosco.
Letícia! nossa, que texto… quão importante é isso de celebrarmos nossas conquistas, mas como muitas vezes é difícil para mim, ou por ser muito exigente comigo mesmo (na maioria das vezes), ou então por uma espécie de constrangimento em relação aos demais. Muito me alegrou este leitura.
E estás na lista dos amigos que sinto falta de um convívio maior!
Que retorno bacana Ricardo, obrigada! Celebrar é necessário e faz tão bem. 😉
Belo texto Letícia. Fala de comportamento, quer dizer, de alma. Tudo muito singelo e genoroso.
Obrigada Neusa, fico super feliz com esse retorno, ainda mais de ti.
Letícia! Belíssima mensagem, faz pensar…
Adorei!!
A ideia é essa mesmo…..obrigada. 🙂
Profundo e verdadeiro. Adoro os textos da Letícia porque me fazem refletir sobre situações do dia a dia, sobre impressões que muitas vezes passam batidas, mas, outras vezes, parecem magoar. Contudo, neste caso, gosto de pensar que os sorrisos “amarelos” nos fazem valorizar ainda mais os sorrisos verdadeiros. E é isso – como diz a Letícia – bora dar atenção para o que realmente importa!! 🙂 <3
Super obrigada, refletir sempre para poder crescer e gerar uma versão melhor. 🙂
Vindo da Leticia esse ótimo texto, não me surpreende…Só ela é capaz de ler uma situação com objetividade e afetividade ao mesmo tempo. Ansiosa pelo próximo! Te adoro!
Bah, que feedback mais show. Objetividade e afetividade….ganhei meu dia. 🙂
Com o passar dos anos, ficamos muito mais seletivos (e honestos) com tudo.
Adoro teus textos!
Super obrigada, tem outros artigos aqui no portal, dá uma lida. 🙂
O ciclo só se fecha com o aprendizado e a celebração! Não importa a frequência nem a distância…comemore, agradeça! Dra Leticia: sua simplicidade nos inspira a acreditar em um mundo melhor! Vivaaaaa!
Obrigada Fabiola. Celebrar e semear sempre!!
Gostei muito do texto!! É verdadeiro!! Dá uma “cutucada” a respeito dos retornos que damos, muitas vezes na pressa, muitas vezes sem valorizar a conquista do outro… muito bom !!!
A ideia é cutucar mesmo Ivana, sair da zona de conforto. 🙂
Adorei a reflexão, encontrei identificação em alguma parte de minha caminhada. Desde que me apropriei do não julgamento, tanto com o outro quanto comigo mesma, sinto-me mais leve. Muitas questões em jogo quando se reflete no olhar do outro esta falta de entusiasmo por nossas conquistas. Nossos amigos e pessoas mais próximas estão na linha do erro maior, pois somos capazes de liberta-los do peso de nossas expectativas. Bela reflexão querida, e trago uma nova perspectiva pra contribuir com tuas belas palavras. Beijos
Que grande verdade Lu. Obrigada pela reflexão. 🙂
Perfeito, Letícia! Teu texto traduz o que realmente acontece com muitas pessoas! Valorizar o outro, e a nós mesmos, e demonstrar isso, é indispensável! Nos aproxima! Adorei! Parabéns!!!
Obrigada Verusca! 🙂
Adorei a reflexão! Sintetiza o que tenho visto por aí. Felizmente, alguns possuem consciência desses fatos.
Conjugar uma ação empática com o outro é também nosso papel.
Buscar entender o que realmente passa no interior daquele ser humano de sorriso amarelo. Generosidade e empatia são as palavras certas!
Que cada ser humano encontre, em seu interior, esse brilho que nos faz tão brilhahntes perante o mundo.
Parabéns pelo artigo.